sábado, 10 de novembro de 2012

"Povo sem cultura é um povo bufão" - Isnaldo Alves

SETENTRIÃO DE MIM
Ao inesquecível amigo
Isnaldo Alves


O farol deixei pra trás
E almas naras fui procurar
Nivelei a terra dos passos meus
Acreditei reinar no subjetivo

Segui... na via que não se via o fim.

Trilhei encurvado naqueles côncavos
Sem auroras de trinos acordados
E anoiteci em estrada neblinosa

Naquele lusco-fusco passageiro

reluziam minhas reminiscências
E pisei andares incertos; vacilei
A glória era somente ogivas.

Foi nesse cruzamento letal

Que as naras almas cintilaram
E o presente robustou do meu lado
Ao ponto de partida carecia voltar

Regressei... e o suíno lá se trancou

Voltei vestido de um folclore guerreiro
Suspirei o renascimento do nexo
E dancei pelas ruas! E festejei! E vivi

A liberdade do panteão me pertencia

Ali, as matronas me ungiram de saber
Os fios difusos da ignorância se atenuaram
E soltos no chão, agonizaram; pereceram

Foi então que conspirei o fim do fim...

Vi o princípio apontar para o norte
Senti que as calmarias alvejavam o dia
E cantei a eternidade mantida de pé.


(Gladiston de Araújo)

Vou passar pimenta em sua língua!

 
 
 
 
 
 
REVERBERAR

Tudo já foi dito... é hora de redizer!
Ben-dito é o desdito que reedita o dito!
Então dita, em edito, o que o ditado desdiz

Releia a reedição da língua
Redija o verbo do tempo
Realize a releitura do nexo
Revitalize o que não é estático
Reverbere-se no novo léxico
Reconside a ressalva
"Re-sistematize" o "vale ressaltar"
Reanime as almas Camões
E revise os mares de outrora
De nunca dantes navegados.
E deixe marejar no novo falar

(Gladiston de Araújo)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

APÓSTOLOS PEDRO E PAULO: os maiores disseminadores do Cristianismo Primitivo da Igreja do Senhor Jesus.



A Igreja Católica, em 29 de junho, festeja São Pedro e São Paulo e, na cultura de tradição popular, encerram-se as Festas Juninas.

O EDUCPOESIA, nesta postagem, enaltece a figura simplória de Pedro, no entanto, determinada, rígida em suas convicções e, Paulo, homem da cidade, ferrenho militar, perseguidor de cristãos, mas, que aderiu à fé em Jesus, depois de “derrubado do cavalo”, no caminho de Damasco.





PEDRO, pescador de homens

São Pedro, padroeiro das viúvas e primeiro papa da igreja, faz parte do seleto grupo de Santos que são festejados durante as Festas Juninas (Santo Antônio – 13 de junho, São João – 24 de junho, São Pedro – 29 de junho).
Pedro ou Simão, ao acompanhar os passos do Mestre de Nazaré, assimilou toda a proposta do Cristo e se colocou totalmente a serviço do novo projeto, manifestado em Jesus, de construção do Reino de Deus
Os Evangelhos de Jo:1,42; Lc: 13,14 e Mt:5,18-19 conta-nos que Jesus ao ser apresentado a Pedro disse-lhe: “Tu és Simão, filho de João, tu serás CEFAS (que quer dizer Pedra)”. Depois disso, lhes convidou: “Vinde após mim, e eu os farei pescadores de homens”.
Pedro não titubeou. Imediatamente, juntamente com seu irmão André, abandonou as redes de pescador, bem como, o barco pesqueiro e acompanhou a Jesus. Foi assim, que Pedro iniciou uma vida devotada a Cristo e à construção do Reino de Deus; deixou tudo o que havia planejado e construído para traz, quando ouviu o apelo sincero de Deus. Ele, um humilde pescador, juntou-se ao grupo dos colaboradores de Jesus e trabalhou, durante toda a sua vida, para que os desígnios de Deus fossem cumpridos junto ao Povo de Israel.
“A quem iremos, se só Tu tens palavras de vida eterna?” – Esta foi a resposta de Pedro dada a Jesus que tinha perguntado: “Vocês também não vão embora?”
O Mestre de Nazaré fez essa pergunta, aos discípulos, no momento em que foi abandonado por muitos de seus seguidores e a resposta de Pedro demonstrou a certeza que estava alojada em seu coração. Essa certeza levou o discípulo a confessar e persuadir milhares de pessoas da origem e da Realeza Divina de Jesus. A prova dessa certeza é novamente encontrada no Evangelho de Mateus, capítulo 16, versículo 16. Ali, Pedro, afirma com toda propriedade de ser Jesus, o Cristo, o Filho de Deus Vivo. Esse reconhecimento de Pedro foi retribuído por Jesus com as seguintes palavras: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.” – MT: 16,18-19.
A passagem do Evangelho de São Mateus deixa claro que Jesus, ao ser confessado e reconhecido pelo discípulo, o institui chefe de sua Igreja aqui na Terra. Ele o declara líder número um de seu povo e outorga-lhe a missão de lançar os fundamentos da fé cristã, entre todos da casa de Israel.
Assim, Pedro é autorizado e, torna-se o primeiro condutor do Povo de Deus Cristão. Esse fio condutor atravessou os séculos e chegou até nós através dos papas. Os papas, sucessores de São Pedro, um após o outro, de Roma, lidera todos os Cristãos Católicos do mundo.
São Pedro foi o primeiro papa! Essa verdade é enfatizada no dia da Ascensão do Senhor aos Céus. - “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?” – Perguntou-lhe o Mestre e a resposta afirmativa de Pedro levou Jesus a concluir: “Apascenta as minhas ovelhas.”
Mas, o escolhido do Salvador, como todo ser humano pecador teve seus momentos de dúvidas, de medo, de descontrole, de comodismo e de filáucia.
Em Mateus, capítulo 14, versículos 28-31, encontramos a narrativa do episódio em que Jesus caminha por sobre as águas do Mar da Galileia, deixando os discípulos assombrados. Diante desse temor, Jesus convida Pedro a descer do barco e a caminhar até Ele, andando por sobre as águas. Pedro O obedece e vai ao seu encontro, todavia, se vê tomado pelo medo e começa a afundar. Apavorado clama por socorro e é amparado pelas mãos do Mestre que lhe diz: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?”
A passagem bíblica acima elucida o fato de que nem mesmo o grande apóstolo escolhido de Jesus, ficou livre da dúvida e do medo em que estamos sujeitos nesta frágil, porém, complexa existência terrena.
Nós, em consequência do medo, deixamos muitas vezes de cumprir a nossa missão. Recuamos diante das injustiças, nos calamos diante dos poderosos e nos escondemos dos opressores do povo. Camuflamos a verdade, nos acomodamos e cultivamos a omissão.
O Evangelista São Marcos nos reporta que Pedro propôs ao Mestre a permanência deles no alto do monte. Que fossem construídas cabanas para Moisés, Elias e para o próprio Jesus (Mc: 9,5).
Pedro estava tentado a permanecer ali, protegido pelos profetas... Longe da miséria e do sofrimento do povo, bem como, da improbidade e do descaso das autoridades constituídas. O medo também motivou o nosso apóstolo a negar o Cristo, por três vezes, na noite em que foi preso e condenado à morte na cruz. Depois, amargamente, chorou arrependido de seu ato covarde, diante daqueles detratores assassinos.
A insegurança também se fez presente na vida de Pedro...
Na noite da última Ceia, pediu para João Evangelista perguntar ao Mestre quem seria o traidor. Não ousou fazer a pergunta diretamente!
Naquela mesma noite, teimou em não deixar Jesus lavar seus pés e só consentiu depois de advertido que não teria parte com o Senhor se persistisse naquela teimosia. A ceia revelou ainda um Pedro de promessas que não cumpridas. Prometeu nunca abandonar Jesus, nem que para isso tivesse que dar a própria vida. No entanto, não só o abandonou, como também lançou mão de violência, ao ferir com a espada, a orelha de Malco, um dos guardas do Sumo Sacerdote, por ocasião da prisão de Jesus, no Horto das Oliveiras. Violência descabida e condenada por Jesus. Esse gesto, apresentou um Pedro que ainda não havia compreendido os ensinamentos do Messias. Sua ignorância o encaminhou para uma reação revolucionária remanescente de sua antiga filiação ao Grupo dos Zelotas.
Os Zelotas acreditavam que só seriam livres através do uso da força, da espada. Enfim, adotavam o derramamento de sangue como meio de se conquistar a liberdade.
Mas foi valente depois destes acontecimentos. O Espírito Santo o fortaleceu e o fez compreender todas as coisas sãs e agradáveis a Deus.
“Quando eras moço, te cingias a ti mesmo, e andavas onde querias; mas quando fores velho, outro te cingirá, e te levará onde tu não queiras.” – Jo: 21,18-19.
Jesus anunciou, ao dizer isto, com que tipo de morte havia Pedro de glorificar a Deus.
Pedro foi assassinado, depois de julgado pelo Sinédrio, acusado de agitador do povo e de propagar doutrina subversiva, no caso, a doutrina Cristã. Ele foi condenado a morrer na cruz, assim como Jesus. Não se achando digno de morrer da mesma maneira do Mestre, Pedro, implorou a seus algozes que o crucificassem de cabeça para baixo. Assim foi feito.
Finalizando, os exorto a meditar nestas palavras, extraídas do Livro dos Atos dos Apóstolos, Capítulo:10, versículos: 34-35:
“... reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo”. – Apóstolo São Pedro.




PAULO DE TARSO, um soldado diligente e ágil

Paulo ou Saulo, ao contrário de Jesus e da maioria de seus discípulos, nasceu e cresceu numa grande cidade do Império Romano, a cidade de Tarso. Ali foi educado nos moldes urbanos e instruído dentro dos padrões dos homens nobres. Formou-se em escola militar e se tornou num militar de renome, muito respeitado e temido. Sempre muito disciplinado, Paulo, era um cumpridor do dever, defendia as elites, gozou de um vasto prestígio, acumulou bens. Um perfeito soldado; um homem de sucesso!
Ele não conheceu, pessoalmente, Jesus de Nazaré, e, abominou a nova doutrina, pregada pelos cristãos, a ponto de ser conivente e de testemunhar na morte de Estevão (primeiro mártir da era cristã), por apedrejamento (At.7,59).
Em Atos dos Apóstolos, 8,1 e 3; São João escreveu dizendo que Saulo, não só consentiu a morte de Estevão, como também colaborou na grande perseguição perpetrada e articulada contra a Igreja que estava em Jerusalém. Endurecido de coração e cego da verdade, não conseguia compreender a abnegação dos cristãos, que mesmo perseguidos e ameaçados de morte, não arredavam pé de anunciar o Evangelho com alegria e esperança. Nesses momentos, enquanto perseguia e assolava a Igreja, entrando pelas casas e arrastando homens e mulheres para a prisão, interiormente se perguntava: “De onde provém esta fé tão ardorosa? Que Jesus é este, professado por estas pessoas, que sentem-se felizes quando são afrontados, presos e até mortos por amor de seu nome e de sua doutrina? Loucos! Não passam de dementes! Precisam ser banidos da nação... Eu luto e defendo o que vejo e ganho por isso... Sou respeitado! Honrado! E estes? Só acumulam humilhações e são odiados por todos! Desprezíveis miseráveis... A eles, a prisão! A morte! O desprezo!”
Assim, Paulo, se alimentava e se convencia cada vez mais da necessidade de exterminar os cristãos. Foi com esse propósito que partiu para a cidade de Damasco, porém, foi surpreendido por um resplendor de luz do céu, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. Eu sou Jesus! Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”.
E Saulo abrindo os olhos, não via a ninguém. Esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu. Passado os três dias, Ananias, discípulo em Damasco, foi enviado por Deus até o lugar onde estava Saulo, e, impondo-lhe as mãos logo lhe caíram dos olhos como que escamas, e recuperou a vista, e levantando-se, foi batizado. E logo pregava a Jesus e anunciava, que este era o Filho de Deus.
Esta narração pode ser conferida em Atos dos Apóstolos, 9 e 22.
Paulo foi “derrubado do cavalo” por Jesus. Teve sua vida radicalmente transformada. De perseguidor passa a ser perseguido! Torna-se então, um autêntico e zeloso soldado da Igreja de Cristo, que percorreu milhares de quilômetros, pregando, divulgando e fundando comunidades cristãs, em vários pontos do Planeta. Passou a viver integralmente para Cristo, a ponto de revelar, em determinada ocasião: “Já não sou eu quem vivo em mim, mas sim, Cristo”.
Na Carta aos Efésios (cap. 3,1), declara-se prisioneiro de Jesus por causa dos gentios, e ainda, faz uso das palavras do profeta Jeremias, em sua Carta aos Gálatas (cap. 2,15): “... desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela graça”. Esta era a verdadeira vocação de Paulo: confessar Jesus no meio dos gentios e das autoridades, como foi no caso do rei Agripa (At. 26,28).
O Ministério de Paulo combateu à feitiçaria dos magos, nos alertou dos homens corruptos, privados da verdade e da piedade.
Não há dúvida que Paulo foi colocado por Deus, para luz e salvação até os confins da Terra e, por causa dessas coisas, foi lançado na prisão e açoitado sem piedade. Nessas Horas de repressão e tortura, o Senhor sempre aparecia a Paulo, em visão, e o confortava e o reanimava: Não temas, fale!” E a chama da coragem reacendia nele e, ele, não só falava, como também denunciava as ações perniciosas dos opressores. Expressões fortes e de longo alcance eram proferidas de sua boca: “A sua garganta é um sepulcro aberto. Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Em seus caminhos há destruição e miséria. Não conhecem o caminho da paz, nem o temor de Deus”. (RO: 3, trechos dos versículos 13,14,16 e 18). Já em 1ªCo: 4,8-13 – “Já estais fartos! Já estais ricos! Quanto a nós, apóstolos, somos condenados a morte, somos feitos espetáculo ao mundo. Somos loucos por amor de Cristo, por isso sofremos fome, sede, estamos nus, recebemos bofetadas, somos blasfemados, somos o lixo deste mundo a escória de todos.” Por amor de Ti somos entregues à morte todo o dia, fomos reputados como ovelhas para o matadouro (Ro: 8,36).
Quanto à sua pessoa, Paulo dizia: “Eu sou o menor dos apóstolos, não sou digno de ser chamado como tal, pois persegui a Igreja de Deus. Mas pela graça sou o que sou. Trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (Co: 15, trecho dos versículos 9 e 10).
Já no final de sua vida, Paulo, pressentindo a chegada da hora de ser condenado e decapitado, diz: “Porque eu estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Aguardo agora, a coroa da justiça, que me será dada pelo Senhor, o justo Juiz” (2Ti: 4,6-8).
Terminando, Paulo, sumariamente, elucida o que foi toda a sua vida:
“Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos; que tivesse o dom da profecia, conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, tivesse toda fé, ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, entregasse meu corpo para ser queimado, e não tivesse AMOR eu nada seria, nada disso aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, crê, espera, suporta. Nunca falha. Agora, pois permanecem a FÉ, a ESPERANÇA e o AMOR, estes três, mas o maior destes é o AMOR. (Co: 13)


(Texto: Gladiston de Araújo / Fonte de Pesquisa: Bíblia Sagrada)



“Tu és Simão, filho de João, tu serás CEFAS (que quer dizer Pedra)”. Depois disso, lhes convidou: “Vinde após mim, e eu os farei pescadores de homens”.




"...Diante desse temor, Jesus convida Pedro a descer do barco e a caminhar até Ele, andando por sobre as águas. Pedro O obedece e vai ao seu encontro, todavia, se vê tomado pelo medo e começa a afundar. Apavorado clama por socorro e é amparado pelas mãos do Mestre que lhe diz: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?”
 


 O medo também motivou o nosso apóstolo a negar o Cristo, por três vezes, na noite em que foi preso e condenado à morte na cruz. Depois, amargamente, chorou arrependido de seu ato covarde, diante daqueles detratores assassinos.


“Quando eras moço, te cingias a ti mesmo, e andavas onde querias; mas quando fores velho, outro te cingirá, e te levará onde tu não queiras.” – Jo: 21,18-19.
Jesus anunciou, ao dizer isto, com que tipo de morte havia Pedro de glorificar a Deus.
Pedro foi assassinado, depois de julgado pelo Sinédrio, acusado de agitador do povo e de propagar doutrina subversiva, no caso, a doutrina Cristã. Ele foi condenado a morrer na cruz, assim como Jesus. Não se achando digno de morrer da mesma maneira do Mestre, Pedro, implorou a seus algozes que o crucificassem de cabeça para baixo. Assim foi feito.


“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.” – MT: 16,18-19.



Ele não conheceu, pessoalmente, Jesus de Nazaré, e, abominou a nova doutrina, pregada pelos cristãos, a ponto de ser conivente e de testemunhar na morte de Estevão (primeiro mártir da era cristã), por apedrejamento (At.7,59).
Em Atos dos Apóstolos, 8,1 e 3; São João escreveu dizendo que Saulo, não só consentiu a morte de Estevão, como também colaborou na grande perseguição perpetrada e articulada contra a Igreja que estava em Jerusalém.



“Saulo, Saulo, por que me persegues? Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. Eu sou Jesus! Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”.


“Porque eu estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Aguardo agora, a coroa da justiça, que me será dada pelo Senhor, o justo Juiz” (2Ti: 4,6-8).

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A POESIA - é só abrir os olhos e ver - TEM TUDO A VER COM TUDO (Elias José)

GABRIEL GARCIA MARQUEZ

OLIMPÍADA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ANO: 2010 – EMEMB - 5º ANO

       GÊNERO: Poético            TEMA: O Lugar onde Vivo


INTRODUÇÃO AO GÊNERO

Convite

Poesia
É brincar com palavras
Como se brinca
Com bola, papagaio, pião

Só que
Bola, papagaio, pião
De tanto brincar
Se gastam

As palavras não:
Quanto mais se brinca
Com elas
Mais novas ficam.

Como água do rio
Que é água sempre nova.

Como cada dia
Que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?

José Paulo Paes Poemas para brincar.
2ª Ed. São Paulo: Ática. 1991


Poeta brinca com as palavras.

Parece que o poeta diz o que a gente nunca tinha pensado em dizer!
Um poema é um jogo com a linguagem.
Compõe-se de palavras: palavras soltas, palavras empilhadas, palavras em fila, palavras desenhadas, palavras em ritmo diferente da fala do dia a dia. Além de diferentes pela sonoridade e pela disposição na página, os poemas representam uma maneira original de ver o mundo, de dizer as coisas.
Poeta é, assim, quem descobre e faz poesia a respeito de tudo: de gente, de brinquedo, de pessoas que parecem com pessoas que conhecemos, de episódios que nunca imaginamos que poderiam acontecer e até a própria poesia. (Marisa Lajolo)


POEMA OU POESIA?

Qual é a diferença entre poema e poesia?

O poema e um texto “marcado por recursos sonoros e rítmicos. Geralmente o poema permite outras leituras, além da linear”, ou seja, leituras sem rodeios, “diretas”, pois sua organização sugere ao leitor a associação de palavras ou expressões “posicionadas estrategicamente no texto”.

A poesia está presente no poema, assim como em outras obras de arte, “que, como o poema, convidam o leitor/espectador/ouvinte a retornar à obra mais de uma vez, desvendando as pistas que ela apresenta para a interpretação de seus sentimentos”.

Então, essa é a diferença. Quando falamos em poema, estamos tratando da obra, do próprio texto. E, quando falamos em poesia, tratamos da arte, da habilidade de tornar algo poético. Uma pintura, uma música, uma cena de filme, um espetáculo de dança, uma obra de arquitetura também podem ser poéticos. Apesar da distinção, há pessoas que afirmam ler “poesias”, como se o termo fosse sinônimo de “poemas”.

SUGESTÃO DE ATIVIDADE

Coletar poemas de poetas consagrados para a produção de um mural.
Exemplos: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Cora Coralina, Ferreira Gullar, Paulo Leminski e outros.

PRODUZINDO O MURAL

Com os poemas, coletados ou produzidos pelos alunos, confeccionar o mural para ser colocado na sala de aula.

LEITURA DO MURAL

Agora vamos ampliar um pouco mais a discussão sobre aspectos importantes que caracterizam um poema. Vamos pensar, trocar ideias, tirar conclusões, buscar informações. Para começar, vamos comentar dos poemas que estão no mural. Registre depois por escrito.

a) Do que tratam os poemas?

b) Por que escolheram esses poemas?

c) Por que são diferentes de uma notícia de jornal, de uma receita de bolo, de uma lista de supermercado, de um verbete do dicionário? Ou de um conto?

d) Como eles se organizam no papel?

e) Eles preenchem todo o espaço das linhas, da margem esquerda à direita?

f) Há linhas em branco entre os versos?

g) Há sons que se repetem?

h) Há construções que se repetem?

i) Há expressões que, mesmo distanciadas dentro do texto, podem ser associadas, por terem semelhança sonora ou figurarem em construções iguais?

VAMOS LER?

não se acentua a palavra voo - novo acordo ortográfico

FICHA TÉCNICA DO TEXTO

a) Título:
b) Autor:
c) Gênero textual:
d) Quantidade de versos:
e) Quantidade de estrofes:
f) Tipo de narrador:
g) Obra Literária:
h) Edição:
i) Cidade:
j) Editora:
k) Ano:

INTERPRETANDO O TEXTO

a) Quais as palavras iniciais de cada estrofe do poema?

b) Será qual é a razão de todas elas (estrofes) começarem assim?

c) Verifique se apenas essas palavras são repetidas ou se ocorre a repetição de versos que compreendem uma frase inteira:

d) Relacione com os termos com que a poesia tem a ver:

e) Segundo o autor, a poesia pode falar de quê?


RESUMINDO O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA SOBRE POEMA E POESIA


# Constatamos que as palavras rimam quando terminam com sons idênticos ou parecidos;

# Nem todos os poemas apresentam rimas;

# Os versos são linhas do poema e podem ter a extensão variada;

# Estrofes são conjuntos de versos separados por um espaço (linha em branco);

# Um poema pode ter uma ou mais estrofes e cada estrofe pode ter número variado de versos;

# Os poemas costumam apresentar repetições de letras, de palavras ou expressões, de versos;

# Eles também podem ter repetição da mesma construção sintática, isto é, a mesma disposição das palavras nos versos e dos versos nas estrofes;

# As palavras que apresentam semelhanças – de sonoridade, de posição dentro do poema (início, meio ou final do verso), de função sintática – podem ser associadas para apoiar a interpretação do sentido do poema.

PARALELISMO SINTÁTICO

A sintaxe é a parte da gramática de uma língua que remete ao modo como as palavras combinam para formar expressões ou frases.
Nos poemas, costuma ser empregado o PARALELISMO SINTÁTICO: uma mesma construção se repete ao longo do texto. Por exemplo, observe abaixo, na estrofe do poema “CONVITE”, que um tipo de construção se repete nos versos de cor branca e outro tipo é retomado nos versos de cor amarela:

"Como a água do rio
Que é água sempre nova
Como cada dia
Que é sempre um novo dia."


NOTE MAIS UM EXEMPLO DE PARALELISMO EM “TUDO A VER”

"A poesia
Tem tudo a ver
Com as cores, as formas, os cheiros,
Com a plumagem, o voo."


PRODUZINDO O PRIMEIRO POEMA


“O Lugar onde vivo”

Os alunos devem ser motivados a produzirem um poema sobre o seu lugar. Ele poderá escolher um título e estar bem à vontade para escrever o seu primeiro poema.
Obs.: Os poemas deverão ser compartilhados entre os alunos e um mural poderá ser feito e afixado na sala de aula.

BUSCANDO SENTIDO

Para ler um texto, não basta identificar letras, sílabas e palavras; é preciso buscar o sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante, ou seja, o mais importante.
Quando lemos algo, temos sempre um objetivo: buscar informação, ampliar o conhecimento, meditar, entreter-nos. O objetivo da leitura é que vai mobilizar as estratégias que o leitor utilizará, isto é, os meios disponíveis ou condições favoráveis com vista a alcançar os objetivos específicos por ele. Sendo assim, ler um artigo de jornal é diferente de ler um romance, uma história em quadrinhos ou um poema.
Ler textos traz desafios e para vencê-los é fundamental buscar uma leitura cativante, emocionada, enfática.

TODA RIMA COMBINA?

RIMA: é a semelhança sonora entre duas palavras ou a identidade de sons no final das palavras, a partir das vogais tônicas, aquelas que estão na sílaba tônica, ou seja, na sílaba da palavra que é pronunciada com mais intensidade.

OBS.: Quando um poema tem versos de ritmo regular que não apresentam rimas, dizemos que ele se compõe de VERSOS BRANCOS. E um verso que não rima com os demais do poema recebe o nome de VERSO SOLTO.

LEIA A PRIMEIRA QUADRINHA E COMPLETE A SEGUNDA, DE RICARDO AZEVEDO

 

“O cravo brigou com a rosa,
Debaixo de uma sacada.
O cravo saiu ferido,
E a rosa despedaçada.”



“Lá no fundo do quintal
Tem um tacho de melado
Quem não sabe cantar verso
É melhor ficar......................”


a) Quais são as palavras que rimam na primeira estrofe?

b) Quais são os versos soltos da primeira quadrinha?

c) Quais são as palavras que rimam na segunda quadrinha?

d) Quais são os versos soltos da segunda quadrinha?


SÓ PARA LER EM VOZ ALTA E SE ENCANTAR COM A SONORIDADE DO POEMA. FIQUE ATENTO TAMBÉM ÀS RIMAS... TENTE DESCOBRIR SE O POEMA TEM VERSOS SOLTOS. ENFIM, DELICIE-SE.

O poema “Canção do Exílio”, Gonçalves Dias,
está entre os mais famosos do Brasil

Canção do Exílio
(Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como .

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu ;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para ;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por
Sem qu’uinda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.

ALGUMAS ATIVIDADES

1. Identifique as rimas nas quadras abaixo:

“Não sei se vá ou se fique
Não sei se fique ou se vá
Ficando aqui não vou lá
E ainda perco meu pique”
(Sílvio Romero)

“Ô seu moço inteligente
Faça o favor de dizer
Em cima daquele morro
Quanto capim pode ter?”
(Ricardo Azevedo)

2. COMPLETE:

a) Os versos podem rimar de diferentes formas. Na primeira quadra, recolhida por Sílvio Romero, o 1º verso rima com o .......... e o 2º verso rima com o..........

b) Já Ricardo Azevedo rima o segundo verso com o......................... verso.

LEIA ALGUMAS QUADRAS DO POETA PORTUGUÊS, FERNANDO PESSOA:

Stella Bianco (1944) “Vaso de flores na janela”
“A quadra é um vaso de flores
que o povo põe à janela da alma” – Fernando Pessoa

“Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
As pérolas são os meus beijos,
O fio é o meu penar”.

“No baile em que dançam todos
Alguém fica sem dançar.
Melhor é não ir ao baile
Do que estar lá sem lá estar”.

“Vale a pena ser discreto?
Não sei bem se vale a pena.
O melhor é estar quieto
E ter a cara serena”.

Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual”.
 
REESCREVA OS PARES DE RIMAS UTILIZADAS NAS QUADRINHAS ACIMA

OBS.: As quadrinhas têm quatro versos, geralmente com sete sílabas poéticas, ritmo típico da poesia popular.

VEJA

“Não / di / gás / mal / de / nin / guém
  1        2     3        4       5      6        7


3. AGORA EU QUERO VER VOCÊ CRIAR AS QUADRINHAS SEGUINDO SEMPRE OS PRIMEIROS VERSOS

a) Essa noite tive um sonho

b) Menina dos olhos tristes

c) Você vive reclamando

d) Um jardim cheio de flores

e) Meu medo de tempestade

f) Você diz que sabe tudo

g) Atirei um cravo n’água

h) Que passeio divertido

i) Uma máquina moderna

j) Na curva daquele rio


Passarinho na janela, pijama de flanela, brigadeiro na panela.
Gato andando no telhado, cheirinho de mato molhado, disco antigo sem chiado.
Pão quentinho de manhã, dropes de hortelã, grito de Tarzan.
Tirar a sorte no osso, jogar pedrinha no poço, um cachecol no pescoço.
Papagaio que conversa, pisar em tapete persa, eu te amo e vice-versa.
Vaga-lume aceso na mão, dias quentes de verão, descer pelo corrimão.
Almoço de domingo, revoada de flamingo, heroi que fuma cachimbo.
Anãozinho de jardim, lacinho de cetim, terminar o livro assim.
(Otávio Roth – Duas dúzias de coisinhas à toa que deixam a gente feliz – São Paulo – Ática – 1994.)

RIMAS EXTERNAS E INTERNAS

Rimas externas 
Aquelas das palavras posicionadas no fim dos versos:


“Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual”.


 Rimas internas 
As de palavras que se localizam no fim dos versos:


- Anãozinho de jardim, lacinho de cetim, terminar o livro assim.
- Passarinho na janela, pijama de flanela, brigadeiro na panela.
- Gato andando no telhado, cheirinho de mato molhado, disco antigo sem chiado.

SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO
(Sentido próprio, ou denotação e sentido figurado, ou conotação)


# SENTIDO PRÓPRIO OU DENOTATIVO – sentido que as palavras costumam ter nos textos informativos. Palavras no sentido regular, autêntico.

# SENTIDO FIGURADO OU CONOTATIVO – sentido da palavra dentro de um contexto, ou seja, quando ela configura outra interpretação que não corresponde à sua real.

LEIA O POEMA DE MACHADO DE ASSIS

Livros e flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?


“Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?”

Esta afirmativa se colocada no sentido próprio/denotativo seria absurda, porém, no sentido figurado/conotativo, totalmente normal. A poesia coloca a “leitura” num sentido especial, que pode-se fazer a partir dos olhos de alguém. Trata-se, no caso, de interpretar os olhos da amada para descobrir se eles revelam o que ela sente.

“Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?”

Nesse trecho, são aproximados os “lábios” e “flor”.
Seria possível “beber” nos lábios da pessoa amada o bálsamo do amor? Não, no sentido denotativo/próprio, mas, no conotativo/figurado, sim. Os lábios e o beijo dariam o bálsamo, o remédio para a dor de amor do poeta.

ATIVIDADES

1. INDIQUE O SENTIDO PRÓPRIO/DENOTATIVO E O SENTIDO FIGURADO/CONOTATIVO DOS TERMOS SUBLINHADOS:

"Só que
Bola, papagaio, pião
De tanto brincar
Se gastam
As palavras não:
Quanto mais se brinca
Com elas
Mais novas ficam."


"A poesia
Tem tudo a ver
Com a plumagem, o voo,
E o canto dos pássaros,
A veloz acrobacia dos peixes..."


"A poesia
Tem tudo a ver
A explosão em verde, em flores e frutos."

COMPARAÇÃO, METÁFORA, PERSONIFICAÇÃO

Uma das mais marcantes características da linguagem poética é a utilização da linguagem FIGURADA/CONOTATIVA. Vamos agora tratar de três das mais importantes figuras de linguagem: comparação, metáfora e personificação. Vamos identificar, aprender e empregar esses recursos.

O Leão
(Vinícius de Moraes)

Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês

Leão! Leão! Leão
És o rei da criação

Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro

Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação

Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
O salto do tigre é rápido
Como raio, mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o leão dá

Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte
Pois bem, se ele vê o leão
Foge como um furacão

Leão! Leão! Leão
És o rei da criação
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não

Leão se esgueirando à espera
Da passagem de outra fera
Vem um tigre, como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranquilo
O leão fica olhando aquilo
Quando se cansam, o leão
Mata um com cada mão
(A Arca de Noé: poemas infantis. São Paulo / Companhia das Letras, 1991. – Autorizado pela VM Empreendimentos Artísticos e Culturais Ltda. ©VM)

COMPARAÇÃO


1. Qual terá sido o motivo de o poeta ter aproximado o rugido do leão ao trovão?

2. “Rugindo como um trovão” – A palavra COMO é um comparativo de

( A ) inferioridade
( B ) superioridade
( C ) igualdade
( D ) imparcialidade

3. A palavra COMO faz uma relação de semelhança entre elementos por meio de termos comparativos, entre os quais: COMO, QUAL, FEITO, QUE NEM, PARECE, etc. Podemos afirmar que estas palavras representam comparativos de

( A ) inferioridade
( B ) superioridade
( C ) igualdade
( D ) imparcialidade

METÁFORA

Há casos em que o escritor elimina o termo comparativo. Por exemplo, em vez de dizer “O leão rugiu COMO um trovão”, ele profere: “O leão é um trovão rugindo”. Quando isso ocorre, temos outra figura de linguagem, a METÁFORA, como nos três primeiros versos da estrofe seguinte:

“Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda”

Repare que o poeta não usou nenhum termo de comparação (como, qual, feito etc.). A transição rápida de “goela” para “fornalha” trás várias sugestões: a visão da boca enorme do leão; o bafo quente que exala da boca do leão, assim como o imaginário de seu crepitar. O mesmo se aplicaria às outras duas metáforas: “labareda” e “navalha”, esta última com a indicação imaginária de ferimento, corte, sangue, etc. Ao aproximar dois termos sem nenhum termo comparativo, a metáfora produz efeitos de sentido que ampliam a significação do texto e as possibilidades de interpretação.

PERSONIFICAÇÃO

LEIA O POEMA DE CASSIMIRO DE ABREU


Meus oito anos

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
De despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfume a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida na era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
- Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
(Lisboa, 1857. Enciclopédia Itaú Cultural – Literatura Brasileira)

COMENTANDO AS EXPRESSÕES EM DESTAQUE

Observe que o primeiro verso é uma metáfora. O modo como as estrelas enfeitam o céu se assemelha a um bordado. Isso é dito sem emprego de termo comparativo.
Nos dois versos finais aparece outro tipo de figura: PERSONIFICAÇÃO. Atribui-se comportamento humano a elementos da natureza.
Ondas e luas dão beijos?

PONDERANDO

As figuras deixam os versos mais significativos. Se o poeta dissesse apenas que “havia muitas estrelas no céu”, “as ondas se aproxima da areia” e “a lua refletia sua luz no mar”, os versos não seriam tão sugestivos e poéticos. Do modo como foi construída a estrofe, a natureza é valorizada pelas figuras de linguagem que indicam dinamismo, vida, contato entre os elementos.

SONORIDADE NA POESIA, SOM E SENTIDO

Vamos ler dois poemas?


Pássaro livre
(Sidônio Muralha)

Gaiola aberta.
Aberta a janela.
O pássaro desperta,
A vida é bela.

A vida é bela
A vida é boa

Voa, pássaro, voa.

***

Haicai
( Ângela Leite de Souza)

Que cheiro cheiroso
de terra molhada quando
a chuva chuvisca!...





ALITERAÇÃO

A = No primeiro poema, além de várias repetições de palavras e de rimas, ocorre também a ALITERAÇÃO, isto é, repetição da mesma consoante.

- Ocorrem aliterações de “b”: aberta, bela, boa e de “v: vida, voa

- Repetem-se os termos “pássaro”, “vida”, “bela” e os versos quatro e cinco “a vida é bela”.

- Aparecem três rimas: aberta/desperta; janela/bela; boa/voa a vogal “e” está presente em duas rimas, prolongando o eco sonoro e propondo associar o sentido das palavras em que está presente.

Estes recursos criam elos entre as partes do poema, associando o voo e a abertura de portas e janelas, isto é, a liberdade de voar – seja por meio de asas, seja por meio do pensamento e da imaginação.

B = No segundo poema ocorre outro tipo de repetição ou recurso de sonoridade: sons recorrentes no início das palavras. O som produzido pela aliteração/consoantes “ch” figura em cheiro, cheiroso, chuva, chuvisca. Associa-se desse modo, o sentido de “chuva” às outras palavras em que o som aparece, com a imagem positiva da água que molha a terra e as plantas.

O buraco do tatu
(Sérgio Caparelli)

O tatu cava um buraco,
À procura de uma lebre,
Quando sai pra se coçar,
Já está em Porto Alegre.

O tatu cava um buraco,
E fura a terra com gana,
Quando sai pra respirar,
Já está em Copacabana.

O tatu cava um buraco
E retira a terra aos montes,
Quando sai pra beber água,
Já está em Belo horizonte.

O tatu cava um buraco
Dia e noite, noite e dia,
Quando sai pra descansar,
Já está lá na Bahia.

O tatu cava um buraco
Tira terra, muita terra,
Quando sai por falta de ar,
Já está na Inglaterra.

O tatu cava um buraco
E some dentro do chão,
Quando sai para respirar,
Já está lá no Japão.

O tatu cava um buraco.
Com as garras muito fortes,
Quando quer se refrescar,
Já está no Polo Norte.

O tatu cava um buraco,
Um buraco muito fundo,
Quando sai pra descansar,
Já está no fim do mundo.

O tatu cava um buraco,
Perde o fôlego, geme, sua,
Quando quer voltar atrás,
Leva um susto, está na Lua.


TRABALHANDO COM O POEMA


1. Observada a regularidade do poema, quanto ao número de versos nas estrofes, dizemos que ele é composto de

( A ) sextetos ou sextilhas
( B ) ternos ou tercetos
( C ) duetos ou dobros
( D ) quartetos ou quadras

2. As rimas se encontram

( A ) entre o segundo e o quarto verso de cada estrofe.
( B ) entre o primeiro e o terceiro verso de cada estrofe.
( C ) entre o primeiro e o último verso de cada estrofe.
( D ) entre o terceiro e o quarto verso de cada estrofe.

3. Qual é o verso que se repete em todas as estrofes?

4. No texto, marque a sequência de ações do tatu após cavar um buraco.

5. O tatu seguiu um trajeto sul-norte, enquanto cavava o buraco. Relacione, pela sequência, os locais percorridos por ele.

OBSERVE O QUADRO e relacione as localidades citadas no poema.


País da Ásia – Satélite Natural da Terra – Minas Gerais – Estado do Brasil – Rio Grande do Sul – Bairro do Rio de Janeiro – País da Europa
 
a) Porto alegre =
b) Copacabana =
c) Belo Horizonte =
d) Bahia =
e) Inglaterra =
f) Japão =
g) Lua =


"O LUGAR ONDE VIVO"
VAMOS CONHECER UM POUCO O LUGAR ONDE OS CARIOCAS VIVEM?


Milagre no Corcovado
(Ângela Leite de Souza)

Todas as noites
De céu nublado
No corcovado
Faz seu milagre
O Redentor:
Fica pousado
No algodão-doce
Iluminado
Como se fosse
De isopor.

Mas todos sabem
Que bem de perto
Esse Jesus
É um gigante
De mais de mil
E cem toneladas...
Suba de trem,
Vá pela escada,
Quem chega lá,
Ao pé do Cristo,
Vira mosquito.

E olhando em volta
Para a cidade
De ponta a ponta
Maravilhosa
A gente sente
Um arrepio:
O milagre
É o próprio Rio!


TRABALHANDO COM O TEXTO

OUTRO POEMA


Cidadezinha
(Mário Quintana)

Cidadezinha cheia de graça...
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça...
Sua igrejinha de uma torre só...

Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca nem um segundo...
E fica a torre, sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!...

Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo (a triste sina!)
Ah, quem me dera ter lá nascido!

Lá toda a vida pode morar!
Cidadezinha... Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar...

EXERCITADO DE NOVO

1.     O tema do poema tem como finalidade

( A ) fazer um retrato da cidade.
( B ) falar da igrejinha de uma torre só.
( C ) incentivar o poeta a se mudar para a cidadezinha.
( D ) comparar a cidadezinha com o vasto mundo.

2.    O poema tem o tom sonoro

( A ) alegre
( B ) feliz
( C ) melancólico
( D ) agitado

3. Releia o texto e reescreva, nas linhas abaixo, a descrição da cidade, do poema de Mário Quintana.

4. A Cidade do texto e a cidade em que você mora são parecidas ou diferentes? Justifique sua resposta. 

5.     O poema é composto de

( A ) quatro estrofes.
( B ) quatro estrofes desiguais.
( C ) quatorze estrofes iguais.
( D ) quatorze estrofes desiguais.

6.     As estrofes do poema são formadas de

( A ) um quarteto e três tercetos.
( B ) um terceto e três quartetos
( C ) dois quartetos e dois tercetos
( D ) dois quartetos e um terceto

7.    As rimas dos quartetos se encontram

( A ) nos versos pares.              ( B ) nos versos ímpares.

8.   Nos tercetos, as rimas aparecem

( A ) nos versos 1 e 3
( B ) nos versos 1 e 2
( C ) nos versos 2 e 3

9.    Podemos afirmar que o ritmo do poema é

( A ) irregular e sem cadência.
( B ) regular e cadenciado.
( C ) atravessado e irregular.
( D ) sem ritmo e desarmônico.

10.  “Nuvens que venham, nuvens e asas. Não param nunca, nem um segundo...” – Estes versos sugerem

( A ) estagnação.
( B ) paralisação.
( C ) movimento.
( D ) grandeza.

11. Qual elemento do poema sugere a imagem de altura?

12. Quem é que fica “cismando”?

13. Qual é a figura de linguagem empregada neste caso? 

14. “Tão pequenina que cabe num só olhar”. – A que distância o poeta contemplou a cidade e como você descobriu isso?

15. Identifique se as afirmativas abaixo apresentam semelhanças ou diferenças entre os poemas “Milagre no Corcovado” e “Cidadezinha”:

a)   Texto poético:
b)   Composição em versos e estrofes:
c)   Emprego de figuras de linguagem:
d)   Emprego de metáfora e comparação:
e)   Emprego de personificação:
f)    O tema:
g)   O tom:
h)  O tom melancólico do poeta:
i)    O tom entusiástico do poeta:
j)    Visão à distância:
k)   Descrição de monumento alto:
l)     O amor à cidade retratada:
m)  Título:
n)   Organização em versos, agrupados em estrofes:
o)    Apresentação de rimas, ritmo marcado e repetições:
p)    Termo no diminutivo:
q)    Uso da descrição:

ANOTE

Alguns poetas cantam lugares que visitam ou onde residiram por um tempo. Manuel Bandeira, por exemplo, tem na sua infância um dos seus temas preferidos; como ele a passou no Recife-PE, essa cidade está muito presente em seus poemas. Da mesma forma, a vivência interiorana e a paisagem de Minas Gerais marcam a obra de Carlos Drummond de Andrade. Já na obra de Mário de Andrade, figura emblemática do modernismo brasileiro, a paisagem frequente é a cidade de São Paulo.

Confidência de Itabirano
(Carlos Drummond de Andrade)

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas...

Alma Cabocla
( Paulo Setúbal)

E, na doçura que encerra
Esta simpleza daqui,
Viver de novo, na serra,
Entre as gentes desta terra
A vida que eu já vivi...

FINALIZANDO...

Os poemas podem tratar de qualquer assunto. Um deles é a cidade em que se vive.
A escolha do assunto é apenas o primeiro passo. É importante que, ao produzir o poema, o autor se lembre das características desse gênero e as empregue no texto.
Chegou a hora tão esperada!
Vocês irão produzir individualmente o poema para o concurso. Mas antes, vamos conhecer mais um poema.


O Lugar onde Vivo

Minha cidade é bela
É mesmo especial
Eu gosto muito dela
É tudo muito legal

Lá tem muita coisa legal
Alegria e felicidade
Outra não tem igual
Assim é minha cidade

ALGUMAS ALERTAS ANTES DA PRODUÇÃO DO POEMA

ELIMINE OS TERMOS DESNECESSÁRIOS DAS QUADRINHAS PARA DEIXAR MAIS ELEGANTE O ESTILO.

# O que acham do título? Por meio dele é possível imaginar como é esse lugar? O título do poema repete o tema proposto: “O LUGAR ONDE VIVO”. Se o autor procurasse um título mais sugestivo, o poema ganharia mais qualidade.

# O autor consegue mostrar como é o lugar onde vive? Seria possível apresentar sugestão para aperfeiçoar o retrato apresentado no poema?

# Neste poema, o autor não consegue mostrar ao leitor o lugar onde vive. Seria preciso transformar os versos, mostrando como é esse lugar. Informações do autor sobre o   lugar de que fala.

# O autor usa duas vezes a palavra “legal”. Esse pode ser considerado um exemplo de repetição criativa?

# A repetição pode ser recurso que dá ritmo ao poema. Mas, nesse caso, parece que a palavra foi repetida porque o poeta não vislumbrou alternativa. Ele deveria ter buscado outras palavras. Do modo como está, a descrição fica incompleta, o leitor não consegue imaginar como é a cidade nem fica com vontade de conhecê-la.


“A escola onde estudo
É Imaculada Conceição
Que muito tem se empenhado
Em cumprir sua missão”


PRODUÇÃO DO TEXTO

Tema: “O Lugar onde Vivo”

EXPOSIÇÃO AO PÚBLICO

OBS.: Recomendado para alunos de 5º e 6º anos.

Resumo e atividades extras: Gladiston de Araújo

(Resumo do Caderno original do Professor da Olimpíada da Língua Portuguesa/2010, com atividades extras criadas por Gladiston de Araújo)