quinta-feira, 25 de julho de 2019

FESTA JUNINA DE SÃO PEDRO - Patrimônio Cultural Imaterial Inventariado de Felisburgo


Preservar e investir na Festa de São Pedro é de suma importância porque faz parte das tradicionais Festas Juninas, introduzidas no Município pelos primeiros moradores e, que ainda mantém vivos muitos dos traços e elementos formadores da Identidade cultural local. – Cultura Rural. Felisburgo é uma cidade que se modernizou, entretanto, não perdeu de vista a predominância histórica das atividades rurais herdadas dos ancestrais. Nos festejos juninos a presença desses elementos e ritos evidenciam e confirmam a forte relação do povo com o meio rural. Cita-se: vestimentas, as comidas e bebidas típicas, as danças, os ritmos, os enfeites, os terços e cultos religiosos, a fogueira...
Durante todo o mês, os folguedos juninos acontecem em todo o território municipal, mas o apogeu se dá no encerramento, na Festa de São Pedro. O acontecimento é grandioso, pois reúne os quadrilheiros de várias regiões da cidade e do meio rural no Concurso de Quadrilhas e, no palco, revezam grupos musicais tradicionais e bandas forrozeiras. E, claro, a grande variedade de comidas e bebidas típicas encontradas nas barracas do evento. Tudo isso para um público bastante expressivo que “invade” a Praça de Eventos nas duas noites de Festa.









A Festa Junina de São Pedro marca o encerramento dos festejos juninos no Município de Felisburgo. As festividades acontecem durante todo o mês de junho e obedecem a um Calendário Oficial que atende às escolas, igrejas, bairros e comunidades rurais. Cada localidade, na data marcada, prepara sua festa e tem o apoio da Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura. Geralmente, os eventos mantêm as características originais das Festas Juninas, pois, preservam as quadrilhas, as comidas típicas, os fogos de artifícios, as fogueiras, as brincadeiras, os jogos e o forró. Vale ressaltar que, todas elas movimentam o comércio e complementam a renda das instituições e famílias envolvidas.

Historicamente, as Festas Juninas se confundem com o processo de povoamento de Felisburgo, pois, desde sempre, nossos ancestrais celebravam durante o mês de junho, nos dias dos Santos Antônio, São João e São Pedro, o sucesso da agricultura; a fartura da colheita. Eram momentos ricos de lazer, religiosidade, confraternização e de partilha entre familiares, amigos e vizinhos. Não se trata de exagero nenhum afirmar que tais celebrações influenciaram na formação da identidade cultural da população felisburguense.

“E como eram grandiosas e belas aquelas festas! Eram a própria consagração da cultura proveniente de nossos antepassados, da nossa concepção religiosa e da partilha dos frutos advindos do trabalho de nossos familiares. Os preparativos das festas careciam de muito planejamento e trabalho. Nada podia ser esquecido. Tudo era seguido à risca, mas sem formalidades. As calçadas tornavam-se secadores de goma, enquanto nos quintais os jiraus também exibiam o branco suave desta farinha de mandioca, que era utilizada para a fabricação dos biscoitos deliciosos de “São João”. Minha mãe era a biscoiteira oficial de toda a rua; e de outras ruas também. Ela era solicitada por muitas donas de casa para fazer os biscoitos. E fazia, para todas, com prazer. Nada cobrava. Fazia tudo pela amizade e pelo amor às festas. Naqueles dias, as mulheres ficavam atarefadíssimas. Corriam de comadre em comadre, trocavam receitas e tagarelavam como nunca!” – Gladiston de Araújo – Crônica “Era uma vez... São João – Trecho extraído do Blogger Educpoesia

Nos anos de 1970, pedagogicamente, as escolas incorporaram estas festividades nas grades curriculares e, no início dos anos de 1980, o prefeito Getúlio Rodrigues dos Santos inaugurou, oficialmente, dois dias de Festas no Antigo Mercado Municipal. Desde então, a prefeitura tomou para si a responsabilidade de promover o evento nos dias 23 e 24 de junho de cada ano. Mais tarde, nos anos de *1990, o evento foi transferido para os dias 28 e 29 de junho com a denominação de “Festa de São Pedro”, nome herdado do tradicional “Baile de São Pedro” promovido pelo extinto Argos Clube. A Festa também migrou do Antigo Mercado Municipal para o Terminal Rodoviário. Ali, permaneceu até o ano de 2015. A partir de 2016, passou a ser realizada na recém inaugurada Praça de Eventos, na Região da Pampulhinha. (* Não foi em 2003 a transferência da data da Festa, conforme indicação no inventário. A transferência se deu no início dos anos de 1990, no mandato do Prefeito Dr Jairo Murta Pinto Coelho).

“As escolas, sob o comando de Albertina de Isnaldim, ensaiavam as quadrilhas; no quintal de sua casa, Alice Pereira ensaiava o Casamento da roça; os braçais da prefeitura erguiam as barraquinhas de frente ao antigo Mercado Municipal (hoje prédio do Itaú e Emater); Zé trovão, Seu Alírio, Dija e outros sanfoneiros ensaiavam os “conjuntos”. O mais famoso era o ”Espaia Brasa”; costuras e mais costuras cobriam as camas das casas das costureiras e as fogueiras eram armadas de frente às casas por toda a cidade. (...) Sinto Saudades... Inclusive da tradicional Festa de São Pedro no Argos clube.” – Gladiston de Araújo – Crônica “Era uma vez... São João – Trecho extraído do Blogger Educpoesia.

O registro atual da Festa de São Pedro confirma algumas transformações que ocorreram ao longo das décadas, entretanto, sem comprometer sua essência. Na duas últimas edições da festa, a nova Gestão Municipal resgatou o Concurso de Quadrilhas Tradicionais Juninas e incentivou a apresentação de artistas e grupos tradicionais que fazem uso de instrumentos rudimentares e rústicos (tambores, sanfonas, pratos, triângulos, violas). Dessa forma, além das bandas de forró e de sons mecânicos que foram incorporados ao evento, a gestão viabiliza a preservação da cultura de raiz que deu origem a festividade. Em tempo, vale registrar que em 2017, a Festa Junina de São Pedro foi contemplada no Edital do Governo de Minas e Patrocinada pela CODEMIG.

A Festa de São Pedro foi aprovada para fins de inventário e indicada para registro pelo CDMPC – Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural de Felisburgo, conforme Ata da Reunião do dia 03 de julho de 2014 e referendada na reunião do Conselho do dia 14 de setembro de 2018. O referido Bem Imaterial foi aceito e aprovado pelo IEPHA em junho de 2019


Reunião no Gabinete do Prefeito / Planejamento da Festa de São Pedro – (Gladiston – Abril/2018)

Reunião das lideranças das Quadrilhas Juninas para aprovação do Regulamento do Concurso – (Gladiston – Abril/2018)

Praça de Eventos sendo preparada para a Festa de São Pedro – (Gladiston – Junho/2018)

Ornamentação da Praça de Eventos para a Festa de São Pedro – (Gladiston – junho/2018)

Ornamentação da Praça de Eventos para a Festa de São Pedro – (Gladiston – junho/2018)

Alunos da Escola Municipal Euplínia Magalhães Barbosa se preparando para homenagearem Luiz Gonzaga – (Gladiston – Junho/2018)

Boneco decorativo – (Jô Pinto – junho/2018)

Fogueira de São Pedro – (Jô Pinto – junho/2018)

Quadrilha Junina da Comunidade Rural da Prata – Quadrilha Campeã – (Jô Pinto – Junho/2017)

Quadrilha Junina Severino Quebra Galho – Quadrilha Campeã – (Will – Junho/2018)

Show de Tau Brasil – (Gladiston – junho/2018)


FICHA TÉCNICA
Fotografias
Gladiston de Araújo, Will, Jô Pinto, Lucas Martins
Vídeos

Áudios

Transcrição
Paula Andréia Costa Santos
Levantamento
Gladiston Batista de Araújo, Paula Andréia Costa Santos e João Pedro Félix
Elaboração
Gladiston Batista de Araújo
Revisão
Paula Andréia Costa Santos e Azenilda Camargo Costa

Local e Data
20 de novembro de 2018

quarta-feira, 24 de julho de 2019

CARNAVAL - Patrimônio Cultural Imaterial Inventariado de Felisburgo

O Carnaval de Felisburgo é, sem dúvida, um dos maiores eventos do Vale do Jequitinhonha! Ele reúne todos os anos, turistas de várias partes do país que escolhem passar aqui os dias de folia. Acredita-se que muitos foliões são atraídos pela característica bucólica da cidade que oferece sossego, apesar de a Festa de Carnaval se configura num evento tipicamente agitado. Valendo ressaltar também o diferencial hospitaleiro da população e a qualidade da infraestrutura instalada para o evento.
O Município entende que o Carnaval funciona como portal e vitrine de projeção da arte, cultura e, sobretudo, de geração de renda e de capital social. Tanto que vem atuando no resgate de antigas atrações tradicionais da festa, investindo na formação de pessoas para atendimento ao turista, e incentivando a inauguração e melhoramento da Rede Hoteleira, bares, lanchonetes e churrascarias.

A força e representatividade do Carnaval felisburguense fazem dele um motivo de atenção especial para que não se perca no decorrer do tempo, mas que continue evoluindo e preservando suas origens que são tão caras no fortalecimento da Identidade Cultural da população.










Os antigos carnavais de Felisburgo eram tipicamente de salão e aconteciam no Ilusão Clube, embalados pelo ritmo das marchinhas. Nas ruas, a folia era marcada pelos blocos de cordões e de mascarados que se apresentavam durante o dia. Estas manifestações de rua desapareceram completamente nos anos de 1980. Relatos de antigos moradores afirmam que a realização do evento carnavalesco do Ilusão Clube ficava a cargo da Diretoria Executiva da Entidade e restrita à elite da época. O acesso aos bailes era de direito dos sócios e de alguns foliões que pagavam pelo ingresso, ocasionando a exclusão da maioria absoluta da população. No início dos anos de 1970, com a extinção do Ilusão Clube, os bailes foram transferidos para o Salão de festas do recém inaugurado Argos Clube, onde permaneceram até o ano de 1989.


Em 1990, sem o carnaval do Argos Clube, o então prefeito Jairo Murta Pinto Coelho inaugurou oficialmente o carnaval de rua na cidade. Naquele ano, foram convidados Tadeu Martins e Marcílio Brandão para ajudarem na produção do evento, que foi realizado na Praça Del Rey com o nome de “Carnaval Pedra 90”. Nos anos 2000, em parceria com o Projeto Estadual denominado “Minas Folia”, o carnaval de rua de Felisburgo foi popularmente batizado de “Carnafeliz”.

O advento do carnaval oficial de rua trouxe consigo o ritmo do axé, ocasionando o descarte das antigas marchinhas tradicionais e incentivou a criação dos blocos “Pé-de-Boi” e Tô Doido e Num Tô Nem Aí”. Estes blocos dominaram a cena dos carnavais da Praça Del Rey durante toda a década de 1990 e parte dos anos 2000, quando deixaram de desfilar. Outros blocos, ao longo do tempo, foram criados: Explode Coração, A Turma da Gabiroba, Gueto, Os Meninos de Boné, Todos Loucos, Conexão do Morro, Bloco Infantil GlôBeleza. Todos extintos atualmente.

A estrutura do “Carnaval Pedra 90” era composta de barracas de madeira cobertas de folhas de palmeiras que atendiam ao comércio de comidas e bebidas, de um palco alugado de tamanho médio com iluminação simples e de um som mecânico, também de médio porte. As atrações privilegiavam as bandas baianas de axé e, durante o dia, aconteciam as matinês, os concursos de cavaleiros, os desfiles da Banda Mole e os jogos de futebol de Homens fantasiados com vestimentas femininas. Em duas edições do “Carnaval Pedra 90”, no mandato da Prefeita Alice Pereira de Souza, promoveu-se o “Felisburguense Ausente”, com o objetivo de trazer para o carnaval os filhos da terra residentes em outras localidades.

Em 2009, o carnaval passou a investir mais na qualidade de sua infraestrutura, oferecendo tendas metálicas com cobertura de lonas antichamas, palco e iluminação profissionais; som mecânico de grande porte e Projeto de Segurança aprovado pelo Corpo de Bombeiros. Pode-se dizer que foi um salto positivo na realização da folia.

O Carnaval da atualidade vem buscando o resgate de elementos perdidos e fortalecendo os que sobreviveram, bem como, ressignificando algumas manifestações que foram agregadas ao longo de sua existência. Ex: promoção de oficinas de valorização da memória e confecção de motivos carnavalescos, resgate do Rei Momo e suas rainhas; concurso de fantasias; fortalecimento da tradicional Banda Mole e valorização dos novos blocos carnavalescos (A Turma do Lepo Lepo, Até que a Noite Vire dia, Unidos sem Preconceito, Amorecana, Os Bagaceiras e Foguetão). Em 2016, o carnaval foi realizado na nova Praça de Eventos, na região da Pampulhinha, mas, no ano seguinte, retornou para a Praça Del Rey. Os organizadores avaliaram que as condições do novo espaço eram insuficientes para o evento. Acesso inadequado e energia insuficiente foram fatores determinantes na decisão. Também, vale citar os inúmeros pedidos de foliões que defendiam a permanência da folia no seu local de origem. 

A Festa de Carnaval foi aprovada para fins de inventário e indicada para registro pelo CDMPC – Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural de Felisburgo, conforme Ata da Reunião do dia 03 de julho de 2014 e referendada na reunião do Conselho do dia 14 de setembro de 2018. Este Bem Cultural Imaterial Inventariado foi aceito e aprovado pelo IEPHA em junho de 2019.

Oficina de confecção de motivos carnavalescos – (Gladiston – fevereiro/2017)

Máscaras decorativas confeccionadas na oficina – (Gladiston – fevereiro/2017)

Montagem da estrutura do carnaval – (Gladiston – fevereiro/2017)

Abadá oficial do carnaval – (Oseias Alves– fevereiro/2018)

Abadá oficial do carnaval – (Oseias Alves – fevereiro/2017)

Oficina de confecção de motivos carnavalescos – (Paula Andréia - janeiro/2018)

Máscaras decorativas produzidas na oficina – (Paula Andréia – janeiro/2018)

Montagem da estrutura do carnaval – (Gladiston – fevereiro/2018)

Portal do Carnaval – Entrada Principal – (Gladiston - fevereiro/2017)

Portal do Carnaval – Entrada Principal – (Gladiston - fevereiro/2018)

Ornamentação do carnaval – fevereiro – (Gladiston /2017)

– Ornamentação do carnaval – fevereiro – (Gladiston /2018)

Apresentador do carnaval e público – fevereiro – (Will/2017)

Show musical - (Gladiston – fevereiro/2017)

Show musical - (Gladiston – fevereiro/2018)

Público do carnaval – (Gladiston – fevereiro/2017)

Público do carnaval – (Gladiston – fevereiro/2018)

Concentração da Banda Mole – (Gladiston - fevereiro/2017)

Desfile da Banda Mole – (Gladiston – fevereiro/2018)

Matinê – (Gladiston – fevereiro/2018)

Matinê – (Gladiston – fevereiro/2018)

Bloco do Social – (Thiago Augusto – fevereiro/2017)

Bloco Unidos sem Preconceito – (Arquivo Quilombola Paraguai – Fevereiro/2018)

Concurso de Fantasias – (Arquivo Bloco Os Bagaceiras - Fevereiro/2018)

Encerramento do carnaval – (Arquivo da Secretaria Municipal de Cultura - Fevereiro/2017)