domingo, 21 de junho de 2020

CAPELINHA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

A Capelinha Nossa Senhora das Graças é dotada de significativa relevância histórica e paisagística para a comunidade de Felisburgo, sendo oportuna sua proteção. Sua importância para o Município é bastante vasta, pois a edificação constitui um elemento construído em um contexto socioeconômico e cultural completamente distinto da conjuntura atual, sendo parte integrante de uma considerável etapa histórica do Município de Felisburgo, devendo ser preservado e valorizado pela sociedade. É significativa também pela sua localização em um plano bem mais elevado da Serra Morena – Chapada dos Prates. A sua visibilidade a tornou marco para qualquer pessoa que transite ou chegue à cidade.

“Assistir um por do Sol, sentado na soleira da Capelinha Nossa Senhora das Graças, vendo a cidade de Felisburgo do alto... É o máximo! Sem igual”. (Revista Edição Histórica da Câmara Municipal de Felisburgo / 2012)


Designação: BI 002 Capelinha Nossa Senhora das Graças

Tombamento:
Decreto n° 007/98
Inscrição Livro do Tombo: N° 006 - Página 04v
Endereço: Fazenda Santa Fé
Propriedade: Diocese de Almenara – Paróquia de N.Sra. do Rosário
Uso Institucional: Eclesiástica
Responsável: Paróquia de Nossa Senhora do Rosário
Inventário: 1998
Reconhecimento do IEPHA-MG: 2020 - Exercício 2021

Capelinha Nossa Senhora das Graças foi erguida em 1959 numa inusitada história de redenção e fé de dois migrantes: um aventureiro misterioso com fama de valente e uma artesã de origem negra, católica devotada.
região dos sertões, posteriormente denominada “Das Minas”, nativamente ocupada por populações indígenas, já era muito conhecida dos Bandeirantes. A região hoje conhecida como Vale do Jequitinhonha foi uma das primeiras a ser ocupada em Minas Gerais. Sua história remonta às primeiras Entradas, mas foram o ouro e as pedras preciosas que determinaram um papel primordial na estruturação de seu território.
exploração do ouro e de pedras preciosas na região do rio Jequitinhonha atravessou os séculos e, mesmo com a decadência das minas de ouro e diamantes, a atividade permaneceu viva até os nossos dias. As várias lavras para a procura da cobiçada pedra azul abertas em praticamente por todo o território originou e impulsionou o desenvolvimento de pequenos povoados. Foi nesse contexto que José Gomes de Melo chegou ao então pequeno povoado do Comercinho do Rubim do José Ferreira, atual Felisburgo, vindo do Nordeste Brasileiro, mais precisamente, do Estado da Paraíba. Portanto, um paraibano nascido a 18 de setembro de 1935,  em Pocinhos e falecido em 31 de outubro de 1957, aos 22 anos, no Município de Carlos Chagas-MG e sepultado na cidade de Teófilo Otoni-MG. Melo, como era conhecido e chamado no povoado, era filho de uma importante família tradicional paraibana, cujos pais eram Floripes Alves de Melo e Dona Maria Gomes de Albuquerque Melo. Segundo informações colhidas no seio da sua família (de modo especial com Cleci Medeiros Melo e Jéssica Melo Pereira), ele chegou à região a partir de um convite de seu tio Miguel Xavier Melo, que era ourives e, anteriormente, tinha vindo do Nordeste e fixado moradia em Joaíma.
É, no entanto, dúbia e controversa as estórias, lendas e casos contados durante todos esses anos sobre a personalidade desse migrante, um mito para a época. No imaginário popular aquela figura desconhecida e misteriosa estava fugindo da polícia ou havia cometido crimes por onde passava. Muitos o temiam, tinham medo de que ele cometesse novos crimes no lugar. Mas, o que se revela depois, segundo relatos de antigos moradores que conviveram com ele, é de que era um homem branco, bem vestido e de boa aparência, brincalhão e muito simpático, longe e bem longe mesmo da figura de um bandido temeroso e foragido. Era cordial, gentil e de muita educação, principalmente, com as senhoras. Logo foi se aventurar trabalhando numa lavra na Fazenda de Sebastião Gomes dos Santos (Bastião Felizardo), sonhando em bamburrar, na linguagem dos pedristas encontrar uma pedra preciosa de grande valor. Assim, nasceu a promessa que, se “bamburrasse”, isto é, encontrasse as pedras preciosas, sairia correndo morro acima e onde cansasse pararia, e ali fincaria uma cruz para sinalizar o local onde ele ergueria uma capela em homenagem a Nossa Senhora das Graças, como gratidão da bênção alcançada.
Não levou muito tempo, José Gomes Melo se sentiu abençoado com o pedido feito à Santa quando encontrou finalmente as pedras preciosas (pedra azul). Ninguém sabe ao certo informar o que foi feito com as pedras e qual foi o destino das mesmas. Mas, sabe-se que José Melo, antes o migrante desconhecido e aventureiro, passou a ser o abençoado da Santa e na sua redenção ao que achava ser um milagre, fez cumprir a promessa. “Ele subiu a Serra Morena correndo até ficar cansado. No ponto onde se cansou, fincou uma cruz e estabeleceu que ali seria construída a capelinha”, contou a Sra. Maria Neuza Brandão, ex diretora da Escola Estadual Tranquilino Pinto Coelho e antiga moradora de Felisburgo. Para cumprir sua promessa, José Gomes de Melo escolheu a Serra Morena, assim denominada devido à cobertura vegetal que era toda de capim meloso, também conhecido por capim gordura, uma gramínea rasteira que produzia um pendão cor de rosa que ao se secar ao sol se tornava marrom escuro. A Serra Morena faz parte da Chapada dos Prates e margeia o lado norte da cidade de Felisburgo. Parte dessa Serra pertencia às terras de propriedade de Cândido Moreira.
Após uma corrida morro acima cansou-se num pequeno platô da Serra e ali fincou uma cruz de madeira fazendo o marco construtivo da Capelinha que prometeu em homenagem a Nossa Senhora pela graça alcançada.
Ainda segundo relato da Sra. Maria Neuza Brandão, José Gomes de Melo não chegou a iniciar a construção da Capela. Após se tornar afortunado da noite para o dia, provavelmente se envolveu em brigas e intrigas que o fez deixar o povoado. Com ele, seguiu viagem um rapaz de nome desconhecido e que tinha um irmão que trabalhava numa fazenda no Município de Carlos Chagas, o que fez com que todos imaginassem que tivessem ido para lá. Em 1957, o mesmo rapaz que o acompanhou retornou a Felisburgo anunciando o seu assassinato lá pelas bandas de onde foram morar. A notícia da morte de José Melo despertou tristeza no povoado. Era agora lembrado como homem bom, agradável e sociável com todos. Mestra Cirila, uma devota religiosa foi quem tomou a iniciativa de retomar a promessa do homem morto e erguer, como prometido por ele, na Serra Morena, a Capelinha de Nossa Senhora das Graças.
Assim como José Gomes Melo, Mestra Cirila também era uma migrante e havia chegado há mais tempo no povoado. Nunca se soube de onde ela veio, soube-se apenas que antes de pousar em Felisburgo, morou algum tempo na cidade vizinha de Jequitinhonha; nem mesmo teve um sobrenome. Simplesmente, Cirila. Era uma negra forte, pobre e solteira que fazia artesanato e esculturas. Suas esculturas eram famosas como também seu presépio permanente que ficava na sua casa, montado durante todo o ano. Mesmo com suas origens desconhecida e humilde entrou para a história de Felisburgo impondo sua cidadania e tornando uma das mulheres mais influentes e respeitadas do lugar. Segundo pode-se concluir nos relatos da população mais antiga que a conheceu, tinha um viés barroco, dramático e exagerado na sua personalidade, o que foi determinante na sua luta para a construção da Capelinha. Mestra Cirila, tomada de fé e piedade, iniciou uma campanha para que fossem doados materiais para a construção do templo. E de porta em porta, casa em casa, a Mestra foi pedindo ajuda para a construção. Conseguiu com o fazendeiro Adelino Brandão um burro para que pudessem carregar o material até o local da obra no alto da Serra e com a ajuda do pedreiro André Preto, as obras foram da construção foram iniciadas. Ainda, segundo a Sra. Maria Neuza Brandão, Mestra Cirila também pegava na colher, isto é, era ajudante e pedreira da obra também. Assim, quanto mais a população e comerciantes viam a capela sendo erguida, movidos pela fé e força da Mestra Cirila, mais se dispunham a ajudar doando materiais, alimentos etc. A distância do local até o centro do povoado e a topografia íngreme do terreno eram uma grande dificuldade para prosseguirem a obra. Mesmo assim, em 1959, estava pronta a Capelinha de Nossa Senhora das Graças ou como dizem alguns, a Capela do Melo, referindo ao seu mentor, José Gomes de Melo.
Aos poucos, as pessoas que visitavam a Capelinha foram doando imagens de santos de devoção que, ao lado da Santa Padroeira ornamentavam o altar. Do lado esquerdo da Capelinha, na época de uma grande seca que arrasou a região, foi colocada uma cruz de concreto. As pessoas pediam em suas orações para que chovesse e, faziam penitência levando pedras na cabeça que eram depositadas no pé do cruzeiro. Este rito permanece até os dias de hoje.
Mestra Cirila, como artista e artesã, foi também a responsável pela ornamentação e organização da Capelinha. Era um espaço usado também por ela para mostrar suas peças sacras e esculturas. Em uma dessas visitas, instalou um espelho no fundo do nicho de queimar velas, do lado esquerdo da fachada frontal da Capelinha. Até hoje se discute qual seria a razão e a finalidade daquela peça. Com seu espírito artístico, pode-se supor que ela, tendo observado o nascer do sol, imaginou que um espelho poderia refletir a luz solar e lançá-la sobre a cidade, fazendo a Capela ser notada pela população durante o dia, ou então, refletir as chamas das velas, avolumando a claridade. Outra versão é a de que tendo a Capelinha se transformado num ponto de encontro de crianças e para brincarem, o espelho passou a servir para que as mesmas observassem a cidade através dele. É comum às crianças daquelas gerações as lembranças de já terem visto Felisburgo através do espelho da “Tia Cirila”.
Em 22 de junho de 1960, através de uma declaração pública registrada em cartório, o proprietário das terras da Santa Fé, Cândido Moreira Silva e sua esposa D. Vergolina Moreira de Oliveira, doaram o terreno onde se localiza a Capelinha Nossa Senhora das Graças, determinando uma área de oitenta metros quadrados no documento. A partir de então, o bem passou para os cuidados da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário. 
Vale citar neste histórico, que mulheres devotas subiram, durante anos, a Serra Morena com água no balde, vassoura, rodo, pano de chão, flores e toalhas limpas para cuidar da Capelinha, dentre elas,  Vanuza Rodrigues Costa, Eva Maria de Jesus e Maria Sueli Rodrigues Alves.

Cirila morreu em 13 de junho de 1976. Atualmente, o agora Sítio Santa Fé, onde se situa a Capelinha Nossa Senhora das Graças pertence a Florisluce Alves de Souza e continua sendo uma das maiores referências históricas da religiosidade de Felisburgo.

“Lá está, branca como uma garça, a Capela do Melo. Bem na fralda da colina mais elevada de Felisburgo, destaca-se não pela suntuosidade, mas pela posição que se acha situada.” –

Sebastião Lobo – Na Boca do LoboCrônica: “A Capela do Melo” - 1994

Capelinha Nossa Senhora das Graças é um exemplar da arquitetura religiosa e seu estilo flerta com o neocolonial remetendo à arquitetura rural brasileira. Encontra-se isolada, situada em ponto elevado de uma colina chamada Serra Morena, em posição de grande visibilidade e destaque quando vista de vários pontos da cidade de Felisburgo. A sua implantação se faz de forma dominante num pequeno platô com a fachada principal direcionada para o sudoeste. Do centro da cidade, o acesso se faz através da Rua Deputado José Mendes Honório, que na sua extensão alcança-se uma estrada de terra, já na zona rural, de topografia íngreme até a escadaria da capela.
edificação possui partido simples retangular em um único pavimento. Está implantada acima do nível do terreno devido à declividade acentuada do mesmo, o que gerou um baldrame elevado. O acesso à Capelinha se dá por três escadarias de pedra e concreto: uma principal, que se acessa frontalmente, e duas laterais. Em todo seu contorno existe uma mureta baixa feita com tijolos fazendo o fechamento da área ocupada pelo templo. Caracteriza-se em termos construtivos, por uma base de pedras calcárias onde se ergueu uma alvenaria autoportante de tijolos queimados. Os limites do Perímetro são fechados de cerca de mourões roliços de eucalipto e arame liso e, nas extremidades do perímetro frontal, dois postes de eucalipto roliços com refletores que iluminam a fachada. 
cobertura com telhas de barro do tipo francesas se dá em duas águas, estruturada em madeira sem tesouras e com ripamento largo para apoio das telhas. A cumeeira é perpendicular à fachada principal, coberta com telhas tipo capa-canal colocada longitudinalmente, fixada com a utilização de argamassa. Possui beirais sem adornos nas fachadas laterais e posterior. Na parte anterior existe uma empena que forma um pequeno frontispício na fachada com apenas um vão de porta alto, com verga em arco pleno e enquadramento e moldura em argamassa. Porta de folha única, em ferro, tendo uma moldura larga em todo contorno e parte interna vazada com gradeado em forma de losangos. Sobre a cumeeira, na empena, sobre um pequeno pináculo vê-se um cruzeiro em concreto. As demais fachadas não apresentam vãos e nenhum detalhe ornamental, apenas o beiral com nível nas fachadas laterais e empena cega com beiral na fachada posterior.

Externamente, do lado esquerdo, existe um cruzeiro de concreto onde os fiéis depositam na sua base, pedras que carregam até a Capelinha para pagarem promessas para chover ou fazer pedidos e agradecer graças alcançadas. O passeio e escadas têm piso cimentado. Paredes externas são revestidas com reboco e pintura branca e contornos tipo faixa em azul Royal na porta e nicho do espelho. Internamente, possui apenas uma nave, com piso cimentado liso e natado com tom natural, forro em madeira assentado na inclinação do telhado pregado aos caibros. Paredes internas rebocadas e pintadas. Na parede de fundo, centralizado, fica o altar de concreto onde está exposto o nicho da imagem de Nossa Senhora das Graças.
O entorno imediato da Capelinha Nossa Senhora das Graças exibe uma paisagem tipicamente rural, apesar da sua proximidade do centro urbano, portanto, não existem marcos urbanos ou referenciais como arruamentos e loteamento. A paisagem de entorno apresenta vegetação rasteira tipo gramíneas, algumas árvores de pequenos e médios portes e que se apresentam esparsas ou em pequenos matos, no cume da Serra, encontram-se as torres de telefonia celular, do lado direito do bem encontra-se um cruzeiro de madeira e, do lado esquerdo, um cruzeiro feito de concreto. Existe rede de instalação elétrica com postes. Devido à sua situação em plano elevado e a ausência de construções do entorno, a Capelinha apresenta-se como excelente ponto de contemplação, de onde pode perceber o movimento descendente-ascendente das colinas e de toda a cidade e seus limites.

O bem aparentemente mantém suas características originais da época de sua construção, apenas o forro de madeira acompanhando a inclinação do telhado foi inserido posteriormente na década de 1990. No mais, as intervenções foram apenas de pequenos reparos: Substituição de telhas quebradas, recuperação de rebocos e pinturas. Mais recentemente, a Prefeitura Municipal construiu uma cerca com mourões de eucaliptos e arames lisos, fechando assim, a área. Nas extremidades da cerca, em 2019, foram instalados dois refletores em postes de eucalipto roliço para a iluminação da fachada frontal. Tal investimento veio de uma doação de Mafran Fagundes, um filho da terra que reside nos Estados Unidos, que também pagou por uma nova demão de tinta nas paredes externas.
As diretrizes de proteção de salvaguarda do bem indicam caminhos e soluções através de intervenções alinhadas com o Setor Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural para manter o bom estado de conservação e preservação do bem. Para isso são necessários estudos e projetos criteriosos e acompanhados por técnicos da área. As diretrizes pontuam as seguintes intervenções:
A Capelinha Nossa Senhora das Graças além da Lei Municipal de Proteção que garante a salvaguarda dos bens patrimoniais de Felisburgo, após a análise de suas características e das áreas de entorno foram traçados alguns parâmetros que produziram as diretrizes de intervenção que promoverão a proteção da ambiência e do bem patrimonial. Os elementos da paisagem natural, ou seja, marcos simbólicos tais como os cruzeiros e a topografia do terreno que compõem e ambientam o cenário local, particularizando-o e o distinguindo dos demais, também estão considerados. As diretrizes pontuam as seguintes medidas: tratamento periódico do madeiramento para evitar o ataque de insetos xilófagos; realizar a manutenção e reparos do passeio, escadarias, cerca e mureta de proteção; aplicar medidas de altimetrias em todo o perímetro de entorno, caso necessite, de modo a garantir a visibilidade do bem no centro de Felisburgo; a edificação, em hipótese nenhuma, poderá ser demolida, suas características originais devem ser preservadas, recuperadas ou restauradas seguindo os seguintes critérios: os vãos em sua quantidade, proporção, alinhamento, distribuição no plano da fachada, bem como suas esquadrias, só poderão ser alterados no sentido de reverter eventuais descaracterizações e desde que diante de documentação e justificativa conceitualmente consistente; os materiais de revestimento e de ornamentação empregados nos planos da fachada só poderão ser alterados também no sentido de reverter eventuais descaracterizações, desde que mediante documentação e justificativa conceitualmente consistente; as cores utilizadas nas fachadas deverão sempre obedecer à composição a característica da tipologia arquitetônica que pertença à edificação, não se constituindo, em nenhuma hipótese, em fator de rompimento da harmonia do conjunto; os diagramas e a declividade das coberturas não poderão sofrer alterações; as telhas cerâmicas tipo francesa da cobertura do telhado só poderão ser substituídas, quando danificadas ou faltosas, por outras de mesmo padrão; Importante ressaltar, que todas as intervenções deverão ser documentadas através de apresentação de diagnostico do estado de conservação com levantamento fotográfica e da proposta/projeto de intervenção por profissionais com experiência comprovada de atuação em patrimônio histórico e, deverá ser previamente aprovada pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Felisburgo; preservar o ambiente visando melhorar a qualidade ambiental da área de entorno imediato do bem; instalação de placas de sinalização ou direcionamento apenas as estritamente necessárias, com o objetivo de não poluir visualmente a área de entorno; não permitir novas construções dentro da área do perímetro de tombamento e, disciplinas as que tiverem de ser edificadas no perímetro de entorno; implantação de um projeto paisagístico que preserve as vegetações nativas e mantenha a taxa de permeabilidade do solo, essa área deverá ser gramada, ajardinada e arborizada.
- A Capelinha Nossa Senhora das Graças foi reconhecida pelo IEPHA,MG para fins de pontuação no ICMS Cultural. Ela já foi apresentada anteriormente nos Exercícios 1999, 2000, 2001, 2002, 2019, mas em nenhuma dessas tentativas foi totalmente aprovada, conforme verificado nas Fichas de Análise Técnica que alegam documentação incompleta ou necessitada de correções e ajustes. 
- Registra-se aqui o desaparecimento (suspeita de furto) da imagem de Nossa Senhora das Graças que inaugurou a Capelinha em 1959, segundo informações, o fato data do início dos anos de 1990. No seu lugar, tempos depois, foi colocada outra imagem da Santa por Alice Pereira de Souza, então prefeita de Felisburgo. A segunda imagem, não se sabe como, mas apareceu quebrada no nicho e, com a reforma de 2017, foi substituída por uma imagem no estilo barroco, adquirida e doada por Gladiston Batista de Araújo, Ivone França Silva e Valdilene Mendes de Souza Silva.

Residem em Felisburgo alguns familiares de José Gomes de Melo, os quais, foram fundamentais neste processo de atualização do Inventário da Capelinha de Nossa Senhora das Graças: Juscelino Soares Oliveira, Maria Gizélia Medeiros de Melo Soares, Jéssica Melo Pereira, Juscelino Soares Oliveira Filho e Mateus Melo Soares. Nossos agradecimentos profundos em nome do povo de Felisburgo.
reconhecimento desse Bem Cultural pelo IEPHA, certamente, irá contribuir para a valorização do Patrimônio Cultural de Felisburgo, pois será possível ampliar e fortalecer as medidas protetivas que visam conservar o prédio.






Construção da cerca e instalação de um novo espelho no lugar do que se quebrou pelos funcionários da Prefeitura - 2017


Mestra Cirila na Inauguração do Hospital de Felisburgo no início dos anos de 1970 - Na foto, Geraldo Magalhães Barbosa e o Bispo  Dom José Geraldo

Ação de Educação Patrimonial - 2017








Obra de recuperação da Estrada de acesso à Capelinha



Nova imagem doada por Gladiston, Ivone e Valdilene
A imagem substituiu a quebrada - 2017


REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS


- TETTEROO, Frei Samuel – Memória Histórica e Geográfica do Município de Jequitinhonha – Teófilo Otoni – Tipografia São Francisco – 1919
- LOBO, Sebastião – Jornal Vigia do Vale – Na Boca do Lobo – Almenara N° 622 – 06/01/1997 
- LOBO, Sebastião – Na Boca do Lobo: Crônicas publicadas no Jornal Vigia do Vale – A Capelo do Melo – Almenara – Edições Vigia – 2003 – páginas 228/229 
- ANDRADE, Bruno M. Pereira – O Sertão do Jequitinhonha: demografia e família nas matas São Miguel do Jequitinhonha (1889 – 1911) – 2011 – 98 f. – Monografia (Bacharelado em História) Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP – Mariana-MG – 2011. 
- AMARAL, Leila – Do Jequitinhonha aos canaviais: em busca do paraíso mineiro. 3v – Belo Horizonte – FAFICHI/UFMG – 1988 – Dissertação (Mestrado em Sociologia da Cultura).
- BOTELHO, Maria Izabel Vieira – O eterno reencontro entre o passado e o presente: um estudo sobre as práticas culturais no Vale do Jequitinhonha – Araraquara/SP – UNESP – 1999 – Tese (Doutorado em Sociologia) 
- FERREIRA, André Velloso Batista – A formação da Rede de Cidades do Vale do Jequitinhonha – 140f. – Dissertação de Mestrado em Geografia – Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – Belo Horizonte – 1999 
- MORENO, Cezar – A colonização e o povoamento do Baixo Jequitinhonha no Século XIX: A Guerra contra os Índios – Belo Horizonte – Canoa das Letras – 2001 
- SANTIAGO, Luiz – O Vale dos Boqueirões: História do Vale do Jequitinhonha – volume 1 – Almenara – Edições Bocas da Caatinga – 1999 
- KOPPEN, Frei Helano Van, Ofm – Nossas Paróquias Mineiras nos últimos 25 anos do Comissariado Franciscano de Santa Cruz (1925 – 1950) – Juiz de Fora – s. Ed. – 1989 
EDUCPOESIA Blog – Resenha da História de Felisburgo - 2012

MELO, Carlos Alberto Gomes – Fazenda Bravo: Marco da História de Pocinhos -

FICHA TÉCNICA
Fotografias
Joeslane Gil da Silva
Vídeos

Áudios

Transcrição
Gladiston Batista de Araújo
Levantamento
Paula Andréia Costa Santos, Joeslane Gil da Silva, Cleci Medeiros Melo e Jéssica Melo Pereira
Elaboração
Gladiston Batista de Araújo
Revisão
Azenilda Camargo Costa e Paula Andréia Costa Santos

Local e Data
julho de 2020

ANTIGO MERCADO MUNICIPAL - Pousada de Tropeiros

“Local de encontro e comércio por excelência, trato público, exercício da cidadania e da urbanidade, os mercados são espelhos das cidades e até retratos de civilizações (mercado persa, mercado árabe, dentre outros). Pode-se dizer que se vê, se sente e se aprende a cultura de uma cidade nos seus mercados”. – Assim foi o Antigo Mercado Municipal de Felisburgo até a década de 1980 quando, com a transferência das suas atividades para um mercado novo, perdeu sua função original, entretanto, foi revitalizado e recebeu novas funções.  No prédio, atualmente, funcionam um escritório da EMATER-MG e uma Agência do Bando Itaú.

Designação: BI 001 Antigo Mercado Municipal
Tombamento: Decreto n° 005/98
Inscrição Livro do Tombo: N° 004 - Página 03v
Endereço: R: Deputado José Mendes Honório, s/n - Centro
Propriedade: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Uso Institucional: Banco Itaú e EMATER-MG
Responsável: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Inventário: 1998
Reconhecimento do IEPHA - 2020 - Exercício 2021
O Município de Felisburgo efetivou o reconhecimento dos valores histórico, arquitetônico, cultural e social da edificação do “Antigo Mercado Municipal” – Pousada de Tropeiros por meio do inventário e do tombamento. O acautelamento tornou possível propor diretrizes de intervenção com vistas a um plano de conservação mostrando o deferimento municipal da função identitária do prédio e garantir sua salvaguarda por várias gerações. 
O Antigo Mercado Municipal, sem dúvida, representa um momento de maior prosperidade econômica do antigo povoado e está na memória do povo da cidade. Desse modo, pode-se afirmar que dentro da contextualização histórico-social do Bem, sustenta-se a sua significância para a cidade de Felisburgo, no passado e no presente, por apresentar valor cultural, por ser um exemplar razoavelmente preservado da arquitetura do início do povoamento da cidade, sendo importante para as relações socioculturais do Município (valor sociocultural)
As regiões do Médio e Baixo Jequitinhonha, no decurso do Século XIX e início do Século XX, experimentaram muitos surtos de breves progressos, graças a atividades econômicas diversas. A mineração de pedras preciosas irrigou de dinheiro essas áreas. Por sua vez, muitas povoações descritas pelos naturalistas estrangeiros como vilas pioneiras e pobres, cresceram. Cidades que viviam para si e mantinham sólidas relações de trocas miúdas com o imenso entorno rural, vendendo manufaturas e ofertando ofícios artesanais.
O Povoado de Comercinho do Rubim do José Ferreira, atual Felisburgo, fundado no finalzinho do Século XIX, foi também contemplado com esses “breves progressos” e prosperou bastante. O pequeno comércio local ganhou impulso e a circulação de mercadorias e fornecedores de todas as regiões se intensificaram. Diante da ascensão comercial, foi construído o Antigo Mercado Municipal, em 1922, por Moisés Carneiro, liderança política e morador; e servia de local de venda e troca de mercadorias dos caixeiros viajantes e ponto de encontro dos tropeiros que ali passavam ou mesmo vinham, trazendo as boiadas para serem vendidas na localidade. 
Inicialmente, foram construídos pequenos cômodos um ao lado do outro em torno de um pátio. Era nesses espaços que viajantes e tropeiros faziam as parada e ali dormiam, tomavam banho e comiam. Em toda a região, o Antigo Mercado Municipal de Felisburgo, era conhecido como a parada dos tropeiros. No espaço do pátio a céu aberto criado entre as fileiras desses pequenos quartos, formava-se a feira para a venda, troca e compra de todo tipo de mercadoria. O tropeiro negociava o transporte e comercializava cargas de sua produtividade. Na infraestrutura desse transporte, estava o domador responsável pela doma dos animais, o cangalheiro que fazia e consertava as cangalhas, o seleiro que fazia, consertava e restaurava selas, pousadeiros que ofertavam serviços de pouso e descanso, as doceiras e biscoiteiras que montavam suas bancas nos arredores e muitos outros.
A feira se expandiu, e os moradores das redondezas como a comunidade da Prata e Quilombola Paraguai também começaram participar vendendo seus produtos agrícolas e manufaturados entre os próprios moradores ou com os viajantes, tais como: rapadura, cachaça, hortaliças, farinha, frangos, porcos.
Após alguns anos da finalização da construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário (1956), a Igreja de São Sebastião, onde realizou-se a Primeira Missa do povoado em 1903, foi demolida e todo seu robusto madeiramento foi usado para a construção de um salão no pátio da Pousada dos Tropeiros para abrigar a feira. Assim, foi construída uma edificação em forma de retângulo com um imponente telhado de quatro águas e varanda em toda a fachada de frente.
O Antigo Mercado Municipal permaneceu em atividade até o final da década de 1980 quando com as novas demandas da modernidade, conforto e saúde pública, foi construído o novo mercado em 1988 e o velho mercado perdeu a sua função e ficou parado, fechado, como testemunha de uma fase econômica de Felisburgo até que em 1997, o prefeito Dr. Jairo Murta Pinto Coelho iniciou a obra de recuperação do prédio, modificações no seu interior com a construção de paredes divisórias e instalação de novas esquadrias de ferro e vidro. Concluída a obra, o prédio foi cedido para a instalação do extinto Banco do Estado de Minas Gerais – BEMGE. Atualmente, funcionam uma agência do Banco Itaú e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais – EMATER-MG.
Vista do Antigo Mercado Municipal ao fundo
(Arquivo do Setor Municipal de Patrimônio Cultural – Década de 1980)
A edificação se encontra implantada em terreno plano de esquina de frente a uma generosa área de estacionamento e uma praça. O acesso se faz por uma escada de dois degraus e uma rampa do lado direito da fachada anterior. O revestimento do passeio e calçadas é feito com cimento no estado rústico. Não existem afastamentos: o lado direito é uma área pública de estacionamento; o de frente é alinhado com a via; o de fundo está na divisa do terreno com o vizinho e o lateral esquerdo é contíguo à construção adjacente.
Para análise estilística pode-se lançar mão de uma corrente arquitetônica pouco divulgada no Brasil, mas muito encontrada nas construções do interior da primeira metade do Século XX: o neocolonial. Tudo indica que o Antigo Mercado Municipal foi construído nesse contexto estilístico. O Distrito de Felisburgo era distante, de difícil acesso e as técnicas construtivas eram locais, sem grandes inovações. Mas não é difícil perceber através de uma leitura sobre estilos construtivos da época no Vale do Jequitinhonha observar as influencias de vários atores que de alguma forma levaram suas ideias para os lugares que viajavam. Comerciantes iam a Belo Horizonte, Rio de Janeiro e a São Paulo; outros, a Diamantina, Governador Valadares e a Montes Claros e como consequência trouxeram suas experiências e visões daquelas cidades.
O partido arquitetônico adotado lembra os casarões coloniais de fazendas com um retângulo e varanda em toda a extensão da fachada de frente e um telhado de quatro águas. Tem um único pavimento pouco acima do nível da rua. Há um equilíbrio entre os cheios e os vazados na fachada principal e, a varanda faz a transição ao interior da edificação. A fachada principal, voltada para a Praça José Dias Pinto Coelho, tem uma varanda em toda a sua extensão sustentada por cinco esteios de madeira de seção retangular. O fechamento é por uma cercadura de madeira ripada no sentido vertical e, ao centro, um portão de duas folhas de abrir com o mesmo material e desenho. Ao lado direito, uma pequena rampa garante a acessibilidade. Avista-se a água mestra do telhado de quatro águas com beiral em nível. Possui três vãos de janelas com sistema de correr em quatro folhas e com verga em arco abaulado e duas portas também em verga em arco abaulado com folha de abrir. Uma janela está à esquerda e as outras duas entre as duas portas, sendo uma na extrema direita. As folhas são quadriculadas com formas de losangos de ferro com vedação em vidro comum. A fachada lateral esquerda e a fachada posterior não possuem vãos, pois estão contíguas com as paredes das construções adjacentes. A fachada lateral direita está voltada para a via, tem dois vãos de janelas mais altas e com a verga em arco abaulado. As folhas são de ferro com vedação em vidro comum. Na parte superior avista-se a tacaniça do telhado de quatro águas. 
A edificação foi toda revestida externamente com reboco e pintado com tinta a base de água. Possui instalações de energia elétrica, água e esgoto. O sistema estrutural é caracterizado pelo sistema autoportante de adobes de barro assentados com argamassa de terra e cal. As paredes externas apresentam maior espessura que as internas. Os alicerces são em pedra e, externamente (onde são visíveis), apresentam-se salientes em relação à parede.
A cobertura tem quatro águas com telhas cerâmicas do tipo colonial, com encaixe do tipo capa e canal. A cumeeira é perpendicular à fachada principal. O engradamento é constituído por tesouras de peças robustas, cumeeiras, caibros, terças e frechais, com seções constantes. As ripas são em forma de réguas, sobre as quais se apóiam as telhas, não havendo, nesse caso, nenhum sistema auxiliar de fixação entre as partes, uma vez que as próprias telhas já possuem ressaltos que as fixam em seus lugares. A cumeeira e espigões são cobertos com telhas colocadas longitudinalmente, fixadas com a utilização de argamassa. O acesso ao interior do prédio se faz pelo portão ao centro ou na lateral direita por outro portão menor onde esta uma rampa. A varanda se estende em todo comprimento da fachada tendo somente a parte da frente aberta e fechada com um guarda-corpo de madeira com ripas no sentido vertical dispostas lado a lado com terminação em seta. São presas à duas peças horizontais de madeira que se encaixam nos esteios de madeira. A varanda tem forro de madeira pintado de branco. As paredes rebocadas e pintadas. Piso é de ardósia. Pelo lado esquerdo, funciona a agência bancária num salão com acesso a dois banheiros, uma copa e uma sala. Há um desnível de piso de uma sala para a outra. O piso da referida sala é de pedra ardósia. A copa e os banheiros receberam revestimento com azulejos. O forro é de PVC. Pelo lado esquerdo da varanda se acessa a parte ocupada pela instituição pública; se entra por uma sala de onde se acessa um corredor que ao lado há uma sala, e ao fundo, se chega a mais duas salas, copa e banheiro. Forro de madeira e outra parte ao fundo sem forro. Revestimento interno de reboco pintado e no banheiro azulejos cerâmicos.
Antigo Mercado antes da revitalização
(Arquivo do Setor Municipal de Patrimônio Cultural – Década de 1980)
O Antigo Mercado Municipal é um bem tombado isoladamente e está inserido no entorno da Praça José Dias Pinto Coelho que pertence ao Conjunto Paisagístico de Felisburgo e que também é tombado. Compõe juntamente com a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o Centro Cultural Baptista Brazil e o Casarão Bety Almeida, o conjunto de bens imóveis isolados de importância cultural inventariados e tombados e, que cujos perímetros de entorno de tombamentos se tangenciam ou sobrepõem-se.
As vias de acesso delimitado apresentam calçamento em paralelepípedos e a arborização do entorno se dá principalmente pela vegetação nos terrenos, que é composta por gramíneas e árvores de pequeno porte nos passeios. Tanto a Avenida Brasil quanto a Rua Deputado José Mendes Honório são vias largas, têm mão dupla e permitem estacionamento paralelo em um dos lados. A circulação diária de automóveis é significativa. A Avenida Brasil atravessa toda a cidade no seu sentido longitudinal, interligando o centro urbano a bairros e dando acesso às rodovias para os municípios vizinhos de Joaíma, Rio do Prado e Santa Helena de Minas.
As edificações do entorno apresentam na maioria apenas um pavimento, com alguns novos prédios comerciais de dois ou três pavimentos. Estas construções não apresentam um estilo definido, possuem afastamentos nas suas laterais e são geralmente alinhadas com o passeio no limite frontal do terreno. Não foi identificada uma grande tendência ao adensamento, pois verificou-se que poucas edificações sofreram acréscimo de segundo pavimento, bem como substituições de edificações. Existem grandes áreas de quintais e a existência de espaços para novas construções. A iluminação das vias se dá por meio de postes de concreto. Há telefones públicos, lixeiras e bancos no entorno. A concessionária CEMIG faz fornecimento de energia elétrica e o abastecimento de água e rede de esgoto são de responsabilidade da COPANOR, empresa filial da COPASA.
Depois de 1997 não houve intervenções de grande porte, apenas pequenos reparos, troca de algumas telhas e pintura. Atualmente, o prédio está todo coberto por uma camada de tinta branca, contrariando suas cores originais. Em 2020, a parte do prédio que sedia a EMATER-MG recebeu melhorias, por iniciativa/investimento da própria instituição. Com a aprovação do Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural foi reparado o reboco em paredes internas e aplicada uma demão de tinta.
As diretrizes de proteção de salvaguarda do bem indicam caminhos e soluções através de intervenções alinhadas com o Setor Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural para manter o bom estado de conservação e preservação do bem. Para isso são necessários estudos e projetos criteriosos e acompanhados por técnicos da área. As diretrizes pontuam as seguintes intervenções: substituição das peças comprometidas do telhado; tratamento e imunização de todo o madeiramento do telhado do edifício; recuperação e tratamento do passeio, rampas e escadaria melhorando a acessibilidade; reversão para o forro de madeira em substituição ao atual forro de PVC; repintura geral do imóvel obedecendo as suas cores originais – Paredes internas: brancas / Paredes externas: azul petróleo / janelas e portas: azul Royal; gradil e esteios de madeira, caibros e ripas à vista: tinta a óleo branca; limpeza geral do edifício e manutenção periódica do mesmo; reorganização da fiação elétrica pública, através da rede aérea pela subterrânea; instalação de alarme e de segurança; instalação de sistema contra incêndios; inspeção e avaliação detalhada por técnicos especializados das instalações prediais, dando devida atenção à parte elétrica e às tubulações hidráulicas e sanitárias; estabelecimento de medidas de controle de altimetria das novas construções em todo o perímetro do entorno do bem, de modo a garantir a manutenção da visibilidade do bem no centro de Felisburgo; a edificação não poderá ser demolida, suas características originais devem ser preservadas, recuperadas ou restauradas; a aprovação de projetos na área de perimetral e de entorno  fica condicionada a análise prévia, caso a caso, pelo Conselho do Patrimônio Cultural de Felisburgo, sempre se observando a preservação do meio ambiente, da paisagem natural e urbana e da visibilidade dos bens de interesse de preservação.
O Antigo Mercado Municipal está reconhecido pelo IEPHA-MG, Exercício 2021, para fins de pontuação no ICMS Cultural. Ele já foi apresentado anteriormente, mas sem sucesso, nos Exercícios 1999, 2001, 2003, 2019. Nestas tentativas não foi totalmente aprovado, conforme o verificado nas Fichas de Análise Técnica que alegam documentação incompleta ou necessitada de correções e ajustes.
Atualização da data de início da construção do “Antigo Mercado Municipal”, conforme informações adquiridas após o Inventário e Processo de Tombamento,  bem cultural é datado de 1922, com a construção dos cômodos de apoio aos tropeiros e caixeiros-viajantes e, mais tarde, no final dos anos de 1950, ampliado com a construção de um salão coberto, no pátio onde aconteciam as feiras.
O reconhecimento desse Bem Cultural, certamente, irá contribuir para a valorização do Patrimônio Cultural de Felisburgo, pois será possível ampliar e fortalecer as medidas protetivas que visam conservar o prédio.
Antigo Mercado Municipal – Arquivo do Setor Municipal de Patrimônio Cultural – 2008

Antigo Mercado Municipal / Destaque para as cores originais do Prédio – Arquivo do Setor Municipal de Patrimônio Cultural – 1998


Antigo Mercado Municipal / Destaque para as Festividades culturais que aconteciam no Bem – Arquivo do Setor Municipal de Patrimônio Cultural – 1983



Antigo Mercado - Destaque para as cores estranhas ao Prédio aplicadas pelo Banco Itaú 

REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS

- SAINT-HILAIRE, August - Viagem pelo distrito dos diamantes e do litoral do Brasil – Belo Horizonte: Itatiaia, 1974.
- BRAZIL, Baptista – Inquérito Pastoril e Agrícola do Município de Jequitinhonha – Jequitinhonha Typographia Norte de Minas – 1922
- ANDRADE, Bruno M. Pereira – O Sertão do Jequitinhonha: demografia e família nas matas São Miguel do Jequitinhonha(1889 – 1911) – 2011 – 98 f. – Monografia (Bacharelado em História) Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP – Mariana-MG – 2011. 
AMARAL, Leila – Do Jequitinhonha aos canaviais: em busca do paraíso mineiro. 3v – Belo Horizonte – FAFICHI/UFMG – 1988 – Dissertação (Mestrado em Sociologia da Cultura).
- BOTELHO, Maria Izabel Vieira – O eterno reencontro entre o passado e o presente: um estudo sobre as práticas culturais no Vale do Jequitinhonha – Araraquara/SP – UNESP – 1999 – Tese (Doutorado em Sociologia)
- FERREIRA, André Velloso Batista – A formação da Rede de Cidades do Vale do Jequitinhonha – 140f. – Dissertação de Mestrado em Geografia – Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – Belo Horizonte – 1999 
MARTINS , Marcos Lobato – O Jequitinhonha dos viajantes, Século XIX e XX: Olhares diversos sobre as relações sociedade e natureza no nordeste mineiro. – Varia História – Belo Horizonte – Volume 24, n° 40: p.707-728 – julho/dezembro – 1999 
- MORENO, Cezar – A colonização e o povoamento do Baixo Jequitinhonha no Século XIX: A Guerra contra os Índios – Belo Horizonte – Canoa das Letras – 2001
- SANTIAGO, Luiz – O Vale dos Boqueirões: História do Vale do Jequitinhonha – volume 1 – Almenara – Edições Bocas da Caatinga – 1999
- PENA, Penélope Auxiliadora Peixoto – De Sétima Divisão Militar à cidade de Jequitinhonha – Belo Horizonte – Editora Plurartis – 2003 
VASCONCELLOS, Sylvio de – Dois Estudos – Porto Alegre – Instituto Estadual do Livro – 1960
Blog Educpoesia – Resenha da História de Felisburgo - 2012

FICHA TÉCNICA
Fotografias
Joeslane Gil da Silva
Vídeos

Áudios

Transcrição
Gladiston Batista de Araújo
Levantamento
Paula Andréia Costa Santos e Joeslane Gil da Silva
Elaboração
Gladiston Batista de Araújo
Revisão
Azenilda Camargo Costa e Paula Andréia Costa Santos