terça-feira, 28 de julho de 2020

PRAÇA DEL REY


Praça Del Rey é um marco da expansão urbana de Felisburgo que valorizou áreas semi-urbanizadas e contribuiu com o surgimento de novos bairros na cidade. O Bairro Nossa Senhora Dajuda data de um pouco antes da construção da Praça Del Rey, mas alavancou seu crescimento de verdade subsequente à inauguração da referida praça. Outro exemplo singular da influência da Del Rey é a Avenida Herculano de Souza, que liga a histórica Avenida Brasil à MG – 205, no trecho de Felisburgo e Rio do Prado, e que anos mais tarde motivou a formação do Bairro Cidade Nova. 


 Designação: BI 006 Praça Del Rey
Endereço: Rua Minas Gerais com Rua Governador Magalhães Pinto
Propriedade: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Uso Institucional: Institucional
Responsável: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Inventário: 1998
Tombamento: Decreto n° 002/98
Inscrição Livro do Tombo: N° 002 - Página 02 v
Obs: Bem Cultural Tombado, mas ainda sem o reconhecimento do IEPHA

HISTÓRICO
conservação da paisagem cultural e seus impactos têm sido alvo de frequentes debates por parte dos políticos, sociedade organizada, universidades e pesquisadores. A paisagem é produzida constantemente no espaço, sofrendo interferências do ser humano e assim constituindo a herança cultural de uma sociedade. Os seres humanos, historicamente, têm sido influenciados pelo espaço e vice-versa. Nesse contexto, é criada e recriada a paisagem cultural que representa uma cultura que muitas vezes está gravada em construções urbana, o patrimônio cultural edificado.
Praça Del Rey com seus traçados arquitetônicos modernos fez surgir no seu entorno construções inovadoras contrastando com a parte antiga da cidade. A praça era a novidade. E a população não demorou de se apropriar desse espaço amplo e agradável. Muitas atividades culturais, além do lazer rotineiro, migraram para lá. Os desfiles de 7 de setembro, alguns comícios políticos e o Carnaval são alguns desses exemplos. Inclusive, o Carnaval, Patrimônio Cultural Imaterial Inventariado e indicado para registro, continua sendo realizado na Del Rey.
As praças são espaços bastante apreciados nas cidades e, muitas vezes, carregam anos e até séculos de história. Quando ocorreu o surgimento delas, eram consideradas locais de comércio, socialização, troca de conhecimento e de rituais em diversos tempos da história do mundo. Atualmente, são ocupadas com árvores e jardins e são usadas para passeios, cultura e esporte.
Em uma definição bastante ampla, praça (do latim: platea = alargamento) é qualquer espaço público urbano livre de edificações e que propicie convivência e/ou recreação para seus usuários. Normalmente, a apreensão do sentido de “praça” varia de população para população, de acordo com a cultura de cada lugar. Em geral, este tipo de espaço está associado à ideia de haver prioridade ao pedestre e não acessibilidade de veículos, mas esta não é uma regra. No Brasil, a compreensão de praça comumente está associada à presença de ajardinamento, sendo os espaços conhecidos por largos correspondentes à percepção que se tem de praça em países da Europa. De acordo com cada sentido que a palavra assume, estes ambientes podem ser praça jardim, praça seca, praça azul, praça amarela.
Talvez, os primeiros recintos urbanos tenham sido intencionalmente projetados para cumprirem o papel que hoje é dado às praças sejam a ágora, para os gregos, e o fórum, para os romanos. Ambos espaços possuíam, no contexto das cidades nas quais se inseriam, um aspecto simbólico bastante importante na cultura de cada um dos povos: eram a materialização de uma certa ideia de público.
ágora grega era o espaço no qual a limitação da esfera pública urbana estava claramente decidida: aí se praticava a democracia direta, sendo o lugar, por excelência, da discussão e do debate de ideias entre os cidadãos. Era também utilizada para a transmissão de conhecimento cultura. Por conta da sua importância, eram bem planejadas, fequentadas e bem cuidadas. Já o fórum romano representava em si a monumentalidade do Estado. Diferenciava-se da ágora na medida em que o ambiente de discussão não era mais a praça pública aberta, mas o lugar fechado dos edifícios, nos quais a penetração era restrita. Como as cidades eram união de vários povos, esses locais foram usados para assembleias, disputas atléticas e gladiadoras; tinham a função de comércio e encontros religiosos.
No Brasil, o conceito de praça é popularmente associado às ideias de verde e ajardinamento urbano. Por este motivo, os espaços públicos similares às praças européias medievais, que normalmente se formaram a partir dos pátios das igrejas e mercados públicos, são comumente chamados de adros ou largos.
Também por este motivo, uma série de jardins urbanos que surgem devido ao traçado viário das cidades (como rotatórias e canteiros centrais de grandes avenidas) acaba recebendo o título legal de praça, ainda que sejam espaços de difícil acesso aos pedestres e efetivamente desqualificados como praças.
não ser pelas praças em regiões centrais dos grandes centros urbanos, a típica praça na cidade brasileira se caracteriza, portanto, por ser bastante ocupada por vegetação e arborização. Quando ela recebe maior tratamento, ou quando foi resultado de um projeto, ela costuma possuir instrumentos recreativos e contemplativos, como playgrounds, recantos para estar, equipamentos para ginástica e Cooper, bancos e mesas, dentre outros.
Em Minas Gerais, as praças são um símbolo do Estado; um espaço público central à vida em diversas localidades, formatado por afetos, memórias e relações capazes de impactar a vida dos moradores e fomentar o desenvolvimento dos municípios.
“É comum termos conhecimento sobre a história de uma cidade ou de personalidades que lá nasceram, mas as praças, mesmo sendo importantes espaços públicos, são muitas vezes negligenciadas. Trata-se, porém, de áreas intrinsecamente relacionadas à evolução dos municípios”. (Patrícia Duarte de Oliveira Paiva). – São poucos estudos existentes sobre as praças em muitas localidades mineiras, sobretudo naquelas que marcaram um período muito importante da história. Importante salientar, que os estudos contribuem bastante para a maior valorização do contexto histórico, social e ambiental das praças e das cidades.
Felisburgo, por sua vez, carrega no traçado urbano, várias praças ajardinadas e canteiros centrais verdes, que se espalham pelas principais ruas e avenidas valorizando a paisagem com mais verde e melhor qualidade de vida para moradores. Inclusive, o destaque dado a elas é tão significativo que mereceu da parte do poder público medidas protetivas respaldadas em leis como inventários e tombamentos contemplando algumas delas. A cidade, além da Praça Del Rey, tem como patrimônio inventariado e tombado o “Conjunto Paisagístico de Felisburgo” composto pela Avenida Brasil e praças José Dias Pinto Coelho e São Sebastião.

As melhores energias vêm do amor pela vida, pelo planeta,
pelo nosso solo, pela nossa gente e por nós mesmos.
Tudo o mais é consequência disso.
(Stela Vecchi)

Praça Del Rey não é uma praça qualquer. Ela é poética, romântica, mística... É pura arte! Seu traçado geométrico forma um polígono octogonal revelando o desenho de uma mandala, arte de contemplação milenar que teria sido idealizada pelo próprio Buda, onde cada parte do desenho representaria suas lições. Essa arte ainda é criada no presente e, como simbolismo do centro do mundo da forma não apenas às cidades, aos templos e aos palácios reais, mas também a mais modesta habitação humana. A contemplação de uma mandala nos inspira serenidade, sentimento de reencontro com o sentido essencial da vida. O Todo integrado e interligado ao Um: o Universo.
No caso da Praça Del Rey, o tracejado poligonal formador da mandala utiliza o Baguá na divisão do espaço em oito áreas diferentes. Essa fração octogonal baseada no Baguá configura, no campo material, uma Rosa dos Ventos que aponta as direções exatas do perímetro urbano de Felisburgo e, no espiritual remete à ideia de infinito e de recomeço; inspirando serenidade, equilíbrio, harmonia, sentimento de reencontro com o sentido essencial da vida – “FELIZCIDADE” – a vida em constante movimento e conectada com a Natureza. Assim, a mandala de oito lados representa a harmonia do Céu presente na Terra, pois, estabelece uma figura de transição entre o círculo (símbolo do Céu) e o quadrado (símbolo da Terra).
Como foi dito, a mandala octogonal alvitra o plano superior e o plano inferior, espiritual e material. Daí, octógono é uma figura capaz de unir dois grandes símbolos cósmicos: a Terra, representada pelo quadrado, e o Céu, representado pelo círculo. Dessa forma, misticamente, articula o mundo das ideias, da alma, das aspirações e criatividade com o plano físico, racional, objetivo, cartesiano. Os budistas acreditam que a mandala é a representação do nirvana por inspirar paz interior (serenidade) e iluminação (clareza).
A mandala hoje em dia, por ser a forma mais básica da Geometria Sagrada, cada vez mais vemos referências a esse símbolo em nosso dia a dia. Seja em elementos de decoração; artes ou moda; arquitetura, como na Praça Del Rey; a mandala se faz presente na paisagem e inspira, mesmo sem percebermos, a busca pela paz interior... pela FELICIDADE.
Conforme ao registrado no Inventário, a Praça Del Rey foi inaugurada no dia 1° de março de 1980, data da comemoração do 17° Aniversário de Emancipação Político-Administrativa do Município, há exatos 40 anos, no mandato do prefeito Geraldo Magalhães Barbosa e que foi construída sob o gerenciamento do Mestre de Obras Edvaldo Soares.

A praça ocupa 400m² do total da área adquirida pela Prefeitura Municipal, anos antes, de uma parte da fazenda de Leordino Souza Aguiar, para ampliação de ruas existentes e aberturas de outras tantas novas que originaram o Bairro Nossa Senhora Dajuda; e, mesmo localizada na área central consegue exercer muito da sua influencia naquele bairro.
Em 1990, foi criado oficialmente o Carnaval de Rua e a Praça foi escolhida para sediar a festa. Afora, em 2007 que não teve o evento e em 2016, que foi realizado na nova Praça de Eventos da Pampulhinha, os demais aconteceram no espaço da Del Rey. A Festa de Carnaval é um bem cultural imaterial inventariado do Município e aprovado pelo IEPHA e está indicado para registro.
Ademais, a Praça Del Rey foi o destino dos desfiles de 7 de setembro até o ano de 2008 e, também, recebeu comícios de várias denominações políticas, bem como, foi o palco principal do 5° FESTEJE – Festival de Teatro do Vale do Jequitinhonha (2008) e do 35° FESTIVALE – Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha (2018).

“O ato de proteção, que está implícito na figura do tombamento, vai muito além do que sugere a materialidade da questão, ele incide também sobre a autoestima das pessoas diretamente envolvidas, bem como da comunidade envoltória, ele não atribui apenas o poder de coerção, de vigilância, de fiscalização, mas também confere valor. E como valoriza, ele eleva e estabelece uma aura de respeito sobre o bem que se pretende preservar”. (Luiz Phelipe Andrés)


REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS

- BAIRRO Seguro – Curiosidades do Surgimento de Praças e suas Funções na História – 2018
- MACEDO, Silvio Soares; ROBBA, Fábio – Praças Brasileiras – São Paulo – Edusp – 2002
SOARES, Verônica – Pesquisa contempla história das praças de Minas Gerais – Blog Minas faz Ciência – 2019
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre – Praça – Categoria: Praças
- PAULINO, Tailane – O que é uma mandala? – Site Estudo Prático – 2018
- VECCHI, Stela - O Baguá para o Hemisfério Sul é também uma mandala – Blog Feng Shui – 2012
- ARQUIVOS Prefeitura Municipal de Felisburgo/Setor Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural
- CÓDIGO de Posturas do Município de Felisburgo

- LEI ORGÂNICA do Município de Felisburgo
Desfile Cívico de 2008 - último desfile que foi apresentado na Praça Del Rey

A Realeza do Carnaval 2014 na Praça Del Rey

Montagem da Praça Del Rey para o Carnaval 2020

Decoração da Praça Del Rey - Carnaval 2017



Carnaval na Del Rey

Banda Mole no Carnaval da Praça Del Rey

Banda Mole no Carnaval da Del Rey



Premiações dos Blocos no Carnaval da Del Rey - 2017

Desfile Cívico de 2008 - ultimo que se apresentou na Praça Del Rey

Banda Mole no Carnaval da Del Rey







Grupo de Joaima se apresentando no Carnaval da Del Rey - 2014



Banda Filarmônica de Jequitinhonha puxando a Banda |Mole no Carnaval da Del Rey


Rodrigo animando a Banda Mole no Carnaval da Del Rey





Matinê do Social no Carnaval da Del Rey












Montagem da Praça para o Carnaval 2014



Show Carnaval 2017 na Del Rey 




último desfile cívico que se apresentou na Del Rey - 2008

último desfile cívico que se apresentou na Del Rey - 2008
Pereira da Viola se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018




Tau Brasil se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018
Rubinho do Vale se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018
Quadrilha Severino Quebra Galho se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018




Quadrilha Severino Quebra Galho se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018

Quadrilha Bela Vista se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018

Quadrilha da Prata se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018

Montagem da Praça Del Rey para o Carnaval 2013

Desfile Cívico na década de 1980 se dirigindo para as apresentações na Praça Del Rey


Quadrilha da Prata se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018
DOCUMENTOS ANEXOS
Fotografias
X
Áudios

Ata(s)
X
Vídeos

FICHA TÉCNICA
Fotografias
João Pedro, Joeslane Gil da Silva e Arquivo do Setor Municipal de Patrimônio Cultural
Vídeos

Áudios

Transcrição
Gladiston Batista de Araújo
Levantamento
Paula Andréia Costa Santos e Joeslane Gil da Silva
Elaboração
Gladiston Batista de Araújo
Revisão
Azenilda Camargo Costa e Paula Andréia Costa Santos

Local e Data
JULHO 2020