A Praça Del Rey é um marco da expansão urbana de Felisburgo
que valorizou áreas semi-urbanizadas e contribuiu com o surgimento de novos
bairros na cidade. O Bairro Nossa Senhora Dajuda data de um pouco antes da
construção da Praça Del Rey, mas alavancou seu crescimento de verdade subsequente
à inauguração da referida praça. Outro exemplo singular da influência da Del
Rey é a Avenida Herculano de Souza, que liga a histórica Avenida Brasil à MG –
205, no trecho de Felisburgo e Rio do Prado, e que anos mais tarde motivou a
formação do Bairro Cidade Nova.
Designação: BI 006 Praça Del Rey
Endereço: Rua Minas Gerais com Rua Governador Magalhães Pinto
Propriedade: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Uso Institucional: Institucional
Responsável: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Inventário: 1998
Tombamento: Decreto n° 002/98
Inscrição Livro do Tombo: N° 002 - Página 02 v
Obs: Bem Cultural Tombado, mas ainda sem o reconhecimento do IEPHA
HISTÓRICO
A conservação da paisagem cultural e seus impactos têm sido
alvo de frequentes debates por parte dos políticos, sociedade organizada,
universidades e pesquisadores. A paisagem é produzida constantemente no espaço,
sofrendo interferências do ser humano e assim constituindo a herança cultural
de uma sociedade. Os seres humanos, historicamente, têm sido influenciados pelo
espaço e vice-versa. Nesse contexto, é criada e recriada a paisagem cultural
que representa uma cultura que muitas vezes está gravada em construções urbana,
o patrimônio cultural edificado.
A Praça Del Rey com seus traçados arquitetônicos modernos fez surgir
no seu entorno construções inovadoras contrastando com a parte antiga da
cidade. A praça era a novidade. E a população não demorou de se apropriar desse
espaço amplo e agradável. Muitas atividades culturais, além do lazer rotineiro,
migraram para lá. Os desfiles de 7 de setembro, alguns comícios políticos e o
Carnaval são alguns desses exemplos. Inclusive, o Carnaval, Patrimônio Cultural
Imaterial Inventariado e indicado para registro, continua sendo realizado na
Del Rey.
As praças são espaços bastante apreciados nas cidades e,
muitas vezes, carregam anos e até séculos de história. Quando ocorreu o
surgimento delas, eram consideradas locais de comércio, socialização, troca de
conhecimento e de rituais em diversos tempos da história do mundo. Atualmente,
são ocupadas com árvores e jardins e são usadas para passeios, cultura e
esporte.
Em uma definição bastante ampla, praça (do latim: platea = alargamento) é qualquer espaço
público urbano livre de edificações e que propicie convivência e/ou recreação
para seus usuários. Normalmente, a apreensão do sentido de “praça” varia de
população para população, de acordo com a cultura de cada lugar. Em geral, este
tipo de espaço está associado à ideia de haver prioridade ao pedestre e não
acessibilidade de veículos, mas esta não é uma regra. No Brasil, a compreensão
de praça comumente está associada à presença de ajardinamento, sendo os espaços
conhecidos por largos correspondentes à percepção que se tem de praça em países
da Europa. De acordo com cada sentido que a palavra assume, estes ambientes
podem ser praça jardim, praça seca, praça azul, praça amarela.
Talvez, os primeiros recintos urbanos tenham sido
intencionalmente projetados para cumprirem o papel que hoje é dado às praças
sejam a ágora, para os gregos, e o fórum, para os romanos. Ambos espaços
possuíam, no contexto das cidades nas quais se inseriam, um aspecto simbólico
bastante importante na cultura de cada um dos povos: eram a materialização de
uma certa ideia de público.
A ágora grega era o espaço no qual a limitação da esfera
pública urbana estava claramente decidida: aí se praticava a democracia direta,
sendo o lugar, por excelência, da discussão e do debate de ideias entre os
cidadãos. Era também utilizada para a transmissão de conhecimento cultura. Por
conta da sua importância, eram bem planejadas, fequentadas e bem cuidadas. Já o
fórum romano representava em si a monumentalidade do Estado. Diferenciava-se da
ágora na medida em que o ambiente de discussão não era mais a praça pública
aberta, mas o lugar fechado dos edifícios, nos quais a penetração era restrita.
Como as cidades eram união de vários povos, esses locais foram usados para
assembleias, disputas atléticas e gladiadoras; tinham a função de comércio e
encontros religiosos.
No Brasil, o conceito de praça é popularmente associado às
ideias de verde e ajardinamento urbano. Por este motivo, os espaços públicos
similares às praças européias medievais, que normalmente se formaram a partir
dos pátios das igrejas e mercados públicos, são comumente chamados de adros ou
largos.
Também por este motivo, uma
série de jardins urbanos que surgem devido ao traçado viário das cidades (como
rotatórias e canteiros centrais de grandes avenidas) acaba recebendo o título
legal de praça, ainda que sejam espaços de difícil acesso aos pedestres e
efetivamente desqualificados como praças.
A não ser pelas praças em regiões centrais dos grandes
centros urbanos, a típica praça na cidade brasileira se caracteriza, portanto,
por ser bastante ocupada por vegetação e arborização. Quando ela recebe maior
tratamento, ou quando foi resultado de um projeto, ela costuma possuir
instrumentos recreativos e contemplativos, como playgrounds, recantos para
estar, equipamentos para ginástica e Cooper, bancos e mesas, dentre outros.
Em Minas Gerais, as praças são um símbolo do Estado; um
espaço público central à vida em diversas localidades, formatado por afetos,
memórias e relações capazes de impactar a vida dos moradores e fomentar o
desenvolvimento dos municípios.
“É comum termos conhecimento sobre a história de
uma cidade ou de personalidades que lá nasceram, mas as praças, mesmo sendo
importantes espaços públicos, são muitas vezes negligenciadas. Trata-se, porém,
de áreas intrinsecamente relacionadas à evolução dos municípios”. (Patrícia Duarte de Oliveira Paiva). – São poucos estudos existentes
sobre as praças em muitas localidades mineiras, sobretudo naquelas que marcaram
um período muito importante da história. Importante salientar, que os estudos
contribuem bastante para a maior valorização do contexto histórico, social e
ambiental das praças e das cidades.
Felisburgo, por sua vez, carrega no traçado urbano, várias
praças ajardinadas e canteiros centrais verdes, que se espalham pelas
principais ruas e avenidas valorizando a paisagem com mais verde e melhor
qualidade de vida para moradores. Inclusive, o destaque dado a elas é tão
significativo que mereceu da parte do poder público medidas protetivas
respaldadas em leis como inventários e tombamentos contemplando algumas delas.
A cidade, além da Praça Del Rey, tem como patrimônio inventariado e tombado o
“Conjunto Paisagístico de Felisburgo” composto pela Avenida Brasil e praças
José Dias Pinto Coelho e São Sebastião.
As
melhores energias vêm do amor pela vida, pelo planeta,
pelo
nosso solo, pela nossa gente e por nós mesmos.
Tudo
o mais é consequência disso.
(Stela
Vecchi)
A Praça Del Rey não é uma praça
qualquer. Ela é poética, romântica, mística... É pura arte! Seu traçado
geométrico forma um polígono octogonal revelando o desenho de uma mandala, arte
de contemplação milenar que teria sido idealizada pelo próprio Buda, onde cada
parte do desenho representaria suas lições. Essa arte ainda é criada no
presente e, como simbolismo do centro do mundo da forma não apenas às cidades,
aos templos e aos palácios reais, mas também a mais modesta habitação humana. A
contemplação de uma mandala nos inspira serenidade, sentimento de reencontro
com o sentido essencial da vida. O Todo integrado e interligado ao Um: o
Universo.
No caso da Praça Del Rey, o tracejado poligonal formador da
mandala utiliza o Baguá na divisão do espaço em oito áreas diferentes. Essa
fração octogonal baseada no Baguá configura, no campo material, uma Rosa dos
Ventos que aponta as direções exatas do perímetro urbano de Felisburgo e, no
espiritual remete à ideia de infinito e de recomeço; inspirando serenidade,
equilíbrio, harmonia, sentimento de reencontro com o sentido essencial da vida
– “FELIZCIDADE” – a vida em constante movimento e conectada com a Natureza. Assim,
a mandala de oito lados representa a harmonia do Céu presente na Terra, pois, estabelece
uma figura de transição entre o círculo (símbolo do Céu) e o quadrado (símbolo
da Terra).
Como foi dito, a mandala octogonal alvitra o plano superior e
o plano inferior, espiritual e material. Daí, octógono é uma figura capaz de
unir dois grandes símbolos cósmicos: a Terra, representada pelo quadrado, e o
Céu, representado pelo círculo. Dessa forma, misticamente, articula o mundo das
ideias, da alma, das aspirações e criatividade com o plano físico, racional,
objetivo, cartesiano. Os budistas acreditam que a mandala é a representação do
nirvana por inspirar paz interior (serenidade) e iluminação (clareza).
A mandala hoje em dia, por ser a forma mais
básica da Geometria Sagrada, cada vez mais vemos referências a esse símbolo em
nosso dia a dia. Seja em elementos de decoração; artes ou moda; arquitetura,
como na Praça Del Rey; a mandala se faz presente na paisagem e inspira, mesmo
sem percebermos, a busca pela paz interior... pela FELICIDADE.
Conforme ao registrado no Inventário, a Praça Del Rey foi
inaugurada no dia 1° de março de 1980, data da
comemoração do 17° Aniversário
de Emancipação Político-Administrativa do Município, há exatos 40 anos, no
mandato do prefeito Geraldo Magalhães Barbosa e que foi construída sob o
gerenciamento do Mestre de Obras Edvaldo Soares.
A praça ocupa 400m² do total da área adquirida pela
Prefeitura Municipal, anos antes, de uma parte da fazenda de Leordino Souza
Aguiar, para ampliação de ruas existentes e aberturas de outras tantas novas
que originaram o Bairro Nossa Senhora Dajuda; e, mesmo localizada na área
central consegue exercer muito da sua influencia naquele bairro.
Em 1990, foi criado oficialmente o Carnaval de Rua e a Praça
foi escolhida para sediar a festa. Afora, em 2007 que não teve o evento e em 2016,
que foi realizado na nova Praça de Eventos da Pampulhinha, os demais
aconteceram no espaço da Del Rey. A Festa de Carnaval é um bem cultural
imaterial inventariado do Município e aprovado pelo IEPHA e está indicado para
registro.
Ademais, a Praça Del Rey foi o destino dos desfiles de 7 de
setembro até o ano de 2008 e, também, recebeu comícios de várias denominações
políticas, bem como, foi o palco principal do 5° FESTEJE – Festival de Teatro do Vale
do Jequitinhonha (2008) e do 35° FESTIVALE
– Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha (2018).
“O
ato de proteção, que está implícito na figura do tombamento, vai muito além do
que sugere a materialidade da questão, ele incide também sobre a autoestima das
pessoas diretamente envolvidas, bem como da comunidade envoltória, ele não
atribui apenas o poder de coerção, de vigilância, de fiscalização, mas também
confere valor. E como valoriza, ele eleva e estabelece uma aura de respeito
sobre o bem que se pretende preservar”. (Luiz
Phelipe Andrés)
REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS
- BAIRRO Seguro – Curiosidades
do Surgimento de Praças e suas Funções na História – 2018
- MACEDO, Silvio Soares; ROBBA, Fábio – Praças Brasileiras – São Paulo – Edusp – 2002
SOARES, Verônica – Pesquisa
contempla história das praças de Minas Gerais – Blog Minas faz Ciência –
2019
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre – Praça – Categoria: Praças
- PAULINO, Tailane – O
que é uma mandala? – Site Estudo Prático – 2018
- VECCHI, Stela - O
Baguá para o Hemisfério Sul é também uma mandala – Blog Feng Shui – 2012
- ARQUIVOS Prefeitura Municipal de Felisburgo/Setor Municipal
de Proteção do Patrimônio Cultural
- CÓDIGO de Posturas do Município de Felisburgo
- LEI ORGÂNICA do Município de Felisburgo
Desfile Cívico de 2008 - último desfile que foi apresentado na Praça Del Rey |
A Realeza do Carnaval 2014 na Praça Del Rey |
Montagem da Praça Del Rey para o Carnaval 2020 |
Decoração da Praça Del Rey - Carnaval 2017 |
Carnaval na Del Rey |
Banda Mole no Carnaval da Praça Del Rey |
Banda Mole no Carnaval da Del Rey |
Premiações dos Blocos no Carnaval da Del Rey - 2017 |
Desfile Cívico de 2008 - ultimo que se apresentou na Praça Del Rey |
Banda Mole no Carnaval da Del Rey |
Grupo de Joaima se apresentando no Carnaval da Del Rey - 2014 |
Banda Filarmônica de Jequitinhonha puxando a Banda |Mole no Carnaval da Del Rey |
Rodrigo animando a Banda Mole no Carnaval da Del Rey |
Matinê do Social no Carnaval da Del Rey |
Montagem da Praça para o Carnaval 2014 |
Show Carnaval 2017 na Del Rey |
último desfile cívico que se apresentou na Del Rey - 2008 |
último desfile cívico que se apresentou na Del Rey - 2008 |
Pereira da Viola se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018 |
Tau Brasil se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018 |
Rubinho do Vale se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018 |
Quadrilha Severino Quebra Galho se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO - Praça Del Rey 2018 |
Quadrilha Severino Quebra Galho se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO - Praça Del Rey 2018 |
Quadrilha Bela Vista se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO - Praça Del Rey 2018 |
Quadrilha da Prata se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO - Praça Del Rey 2018 |
Montagem da Praça Del Rey para o Carnaval 2013 |
Desfile Cívico na década de 1980 se dirigindo para as apresentações na Praça Del Rey |
Quadrilha da Prata se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO - Praça Del Rey 2018 |
DOCUMENTOS
ANEXOS
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Fotografias
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Áudios
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Ata(s)
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Vídeos
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FICHA
TÉCNICA
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Fotografias
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João Pedro, Joeslane Gil da Silva e Arquivo do Setor Municipal de Patrimônio Cultural
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Vídeos
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Áudios
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Transcrição
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Gladiston Batista de Araújo
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Levantamento
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Paula Andréia Costa Santos e Joeslane Gil da Silva
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Elaboração
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Gladiston Batista de Araújo
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Revisão
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Azenilda Camargo Costa e Paula Andréia Costa Santos
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Local e Data
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JULHO 2020
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