(OBSERVAÇÃO: Publicação ainda em construção)
Designação: BI 008 Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima
Endereço: Rua José Ferreira, s/n°
Propriedade: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Uso Institucional: Institucional
Responsável: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Tombamento: Decreto n° 013/99
Inscrição Livro do Tombo: N° 010 - Página 06 v
Estádio Municipal MIlvernes Cruz Lima - João Pedro Félix - Junho/2020 |
INTRODUÇÃO
O Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima é um símbolo de uma
paixão nacional, o futebol. O Inventário e Tombamento desse Estádio
Futebolístico amparam e condecoram seu valor histórico-cultural e reforça o
sentimento de pertencimento do felisburguense-brasileiro
que guarda sua paixão pela arte do futebol.
A história do “campo”, como é chamado pela população, se
confunde com a história do povoado do Comercinho do Rubim do José Ferreira
(Felisburgo) e do próprio futebol que, a nível nacional, se firmava como
esporte das massas.
O reconhecimento dos valores urbanísticos, antropológicos do
Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima (Milvernão) viabiliza a proposição de
normas de proteção objetivando garantir sua existência para gerações presentes
e futuras.
O Estádio foi inventariado e tombado em 1999, mas ainda não conseguiu o reconhecimento do IEPHA para fins de pontuação no ICMS Cultural.
HISTÓRICO
O futebol é um
fenômeno sócio-cultural de grande notabilidade para o povo brasileiro e para a sociedade
ocidental de maneira geral e por esta razão o estudo deste evento vem adquirindo
relevância no meio acadêmico brasileiro nos últimos anos. Desta feita, a
intelectualidade brasileira cada vez mais está se dedicada a investigar a
inserção cultural, social, econômica e psicológica do futebol e as imensas possibilidades
de sua articulação teórica com outros campos temáticos: classe, raça, trabalho
e, ainda restritamente, gênero. Segundo Rosenfeld (1993), um intelectual
alemão, interpretar o futebol como um fenômeno social de primeira grandeza na
vida nacional possibilita que se compreenda a sociedade brasileira em outros
assuntos.
Desde o
descobrimento, até mais ou menos a época da Proclamação da República, em 1889,
os exercícios físicos restringiam-se, no Brasil, a realizações práticas como caçadas,
pescarias, montaria, natação e navegação em rios (RAMOS, 1984). Os escravos
negros e os brancos pobres das grandes cidades praticavam, muito espaçadamente,
a capoeira, visto que esta atividade lúdica era proibida e patrulhada. Até
então, a esfera esportiva não havia se constituído de modo autônomo, logo, não havia
nenhum esporte de destaque. A atividade lúdica estava intimamente imbricada à
atividade prática, ao esforço do trabalho diário. Na virada do século XIX para
o século XX, quando os escravos já estavam libertos, a República fora
proclamada e existia intensa imigração para o Brasil destinada a trabalhar nas
indústrias que se instalavam nos centros urbanos, criam-se condições
psicossociais para que o esporte se instale definitivamente. É neste período
também que se começa a falar em identidade nacional brasileira.
O futebol, esporte que é considerado a paixão
nacional e, sem dúvidas, o mais popular do mundo, começou a ser praticado
na Inglaterra, no século XVII. À época, o esporte não tinha o formato
que tem hoje e tampouco era chamado de “futebol”. Isso só aconteceu décadas
depois, com a criação das regras. Hoje o futebol movimenta um mercado
financeiro bilionário, proporciona eventos globais,
transforma atletas de todas as origens em ídolos internacionais
e utiliza da mais alta tecnologia em transmissões e equipamentos esportivos. No
entanto, a história do futebol não começou assim. O esporte trilhou uma longa
jornada, sem nenhum tipo de glamour e com poucos holofotes, até chegar a esse
patamar. O período entre 1810 e 1840 registrou o crescimento desse
jogo popular pelos alunos das escolas públicas da Inglaterra,
porém, o esporte era considerado uma atividade violenta e não apropriada aos
jovens de classe alta dos colégios da elite inglesa.
“Historiadores contam que os
ingleses adquiriram o hábito de chutar uma bola de couro,
símbolo da cabeça de um membro do exército da Dinamarca, como forma de
comemorar a expulsão dos dinamarqueses de seu país...”
O
crescimento dos desafios e torneios entre clubes foi impulsionador para a
institucionalização do futebol, que ocorreu em 1863,
com a formulação das primeiras regras para a prática do futebol. Assim, o
esporte passou a ter mais visibilidade e a elaboração de campeonatos e partidas
oficiais iniciaram-se. A criação dos campeonatos foi importante para o
surgimento de regras universais para o futebol, e, desde então, o esporte
começou a expandir-se, universalmente.
O
futebol chegou ao Brasil em 1894, por um jovem paulista, Charles Miller, filho de ingleses que voltou a São Paulo após realizar
seus estudos na Europa. Ele trouxe consigo bolas e regras para a prática do
futebol no país, que logo foi assimilado pelos brasileiros e se firmou como um esporte de massas: embora houvesse
times elitistas, a grande maioria dos times de futebol que permanece até os
dias de hoje se formou a partir de grupos de trabalhadores ou de estudantes que
se reuniam para “jogar bola” no campinho do seu bairro.
“Uma curiosidade bastante interessante sobre o
futebol nacional é que a primeira torcida organizada de que se tem notícia era
composta por um grupo exclusivamente feminino. Trata-se da torcida organizada
do Atlético Mineiro, cuja mãe de um dos fundadores do time, Dona Alice,
fabricava bandeirinhas para que as moças, acompanhantes de seus namorados ou
maridos, fossem ao estádio torcer pelo Atlético”.
Os primeiros praticantes eram predominantemente rapazes das altas camadas da sociedade, geralmente, filhos
de grandes proprietários rurais que estavam na cidade estudando Direito ou
Medicina. “A primeira disputa oficial no
Brasil foi realizada em 19 de julho de 1900, no Rio Grande do Sul. Na ocasião,
os jogadores do Esporte Clube Rio Grande jogaram contra a tripulação de um
navio britânico ancorado naquela cidade” (RAMOS, 1984). Gradativamente o
futebol foi se tornando meio de ascensão social para negros e mestiços, lócus
que possibilitava a escalada social independentemente da tradição familiar ou
do grau de escolaridade.
“O povo compreendeu de imediato o
extraordinário alcance deste duelo [um jogo amistoso entre brasileiros, de um
lado e ingleses, do outro]. Essa luta tinha para a população de São Paulo um
significado moral dez vezes maior do que a eleição de um Presidente do Estado. (...)
São Paulo reconhece que cada um desses jovens [os jogadores brasileiros] é
socialmente mais importante do que todos os deputados estaduais e federais
somados, (...). O último gol do Clube Paulistano contra os ingleses provocou a
maior tempestade de aplausos jamais conhecida em São Paulo.” (LOBATO, Monteiro).
Em Felisburgo,
antigo Comercinho do Rubim do José Ferreira, o futebol foi introduzido pelas
‘peladas’, termo que nominava os campos sem
grama e que, atualmente, é usado para designar o jogo de futebol nos campinhos
de várzeas de todo o Brasil, devido ao seu caráter amador, descompromissado e,
quase sempre praticado aos sábados e domingos. É jogo que não vale taça e é
para pura diversão e ter como motivo principal reunir os amigos para depois de
tal encontro se esbaldar na cerveja e na jogada de conversa fora.
Em 1922, abriu-se
um espaço amplo para as partidas de futebol amador que, mais tarde, recebeu o
nome de Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima. No final do mandato do prefeito
Geraldo Magalhães Barbosa, 1982, o então Deputado Federal Milvernes Cruz Lima,
conseguiu uma verba que foi empregada na instalação do gramado natural e na
construção do muro do campo. Entretanto, a maior intervenção veio no início do
mandato do prefeito Getúlio Rodrigues dos Santos, que revitalizou o gramado,
construiu as arquibancadas, a entrada principal, a bilheteria e os vestiários;
com recursos próprios da Prefeitura. A partir daí, foi reinaugurado em 22 de
junho de 1985, com o jogo entre o Felisburgo Futebol Clube X Rubim e o campo
foi oficializado com o nome de “Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima” (Milvernão),
em homenagem ao Deputado e Pecuarista que passava longas temporadas em uma de
suas fazendas (Senhor do Bomfim), nos arredores da cidade de Felisburgo.
Milvernes Cruz Lima |
Milvernes Cruz Lima nasceu em Abaré (BA) no dia 1º de abril de 1919, filho de Policarpo Rodrigues Lima e de Sinforosa Cruz Lima. Proprietário agrícola e pecuarista, iniciou sua carreira política elegendo-se, no pleito de outubro de 1958, deputado federal por Pernambuco na legenda da Frente Democrática Pernambucana, coligação formada pelos partidos Social Democrático (PSD), Democrata Cristão (PDC), de Representação Popular (PRP), Social Trabalhista (PST) e Liberal (PL). Assumiu o mandato em fevereiro do ano seguinte e reelegeu-se em outubro de 1962, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação ao regime militar instalado no país em abril de 1964, em cuja legenda voltou a eleger-se no pleito de novembro de 1966.
Ao terminar seu mandato, em janeiro de 1971, deixou a Câmara dos
Deputados. No pleito de novembro de 1978 voltou a disputar uma cadeira na Câmara na
legenda da Arena, conseguindo apenas uma suplência. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a conseqüente
reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), que
sucedeu a Arena no apoio ao governo. Retornou à Câmara dos Deputados em março
de 1981, na vaga aberta com a morte do deputado Joaquim Coutinho. Não tendo
concorrido no pleito de novembro de 1982, teve seu mandato encerrado em janeiro
do ano seguinte. Foi ainda presidente
da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF). Faleceu em Almenara (MG), na virada do ano de 1984 para 1985, aos 65
anos. Era casado com Josima de Carvalho Lima, com quem teve quatro filhos, dentre
eles, Milvernes Cruz Lima Júnior, que
viveu em Felisburgo até um pouco antes de seu falecimento em 2015. Atualmente, a
fazenda Senhor do Bomfim continua pertencendo à família e administrada por um
de seus netos.
Em 04 de setembro de 1981, Milvernes Cruz Lima foi condecorado a “Ordem
do Ipiranga”, a mais elevada honraria do Estado de São Paulo, sendo reservada
aos cidadãos brasileiros e estrangeiros que prestaram serviços notórios aos
paulistas. O deputado, mostrava-se bastante atuante no exercício dos mandatos,
principalmente, em defesa dos interesses do Estado de Pernambuco.
“Saudades do tempo da Radional - Poucos sabem
da importância da Radional na vida política pernambucana nos anos 50 e 60. Sem
internet, celulares ou ligações telefônicas interurbanas só na Radional da
Avenida Guararapes, ao lado do Bar Savoy, era possível fazer um interurbano. Na
calçada esperando uma precária ligação, encontravam-se os mais importantes
líderes políticos do PTB gritando para serem ouvidos, geralmente cobrando
nomeação de afilhados, dinheiro para estradas, açudes, abastecimento de água. A
capital era o Rio de Janeiro e era comum ouvir os gritos de Barros Carvalho, Milvernes Cruz Lima, Edgar Bezerra
Leite e, sobretudo, Lamartine Tavora acompanhado do seu fiel escudeiro, um
jovem magrinho com um bigode fininho chamado José Mendonça”. (Maurílio Ferreira
Lima – Blog do Magno – 2011)
Jornal Correio da Manhã - Maio/1967 |
O deputado desempenhou ativamente também na
defesa da consolidação de algumas regras novas ou editadas da Previdência
Social, na Constituição Federal de 1967, promulgada no início do Regime
Militar. Destaque para a instituição do Seguro Desemprego, Salário Família e
Seguro de Acidentes de Trabalho.
O futebol em
Felisburgo, ao longo de todos estes anos, preservou-se mantendo o princípio do
lazer e do divertimento dos grupos praticantes. O rudimento entusiasta ainda é
o espírito que continua presente na organização desde a sua chegada ao povoado,
nos idos anos de 1920. Nesse decorrer das décadas, atletas de todas as idades formavam
equipes temporárias para disputarem amistosos, torneios e campeonatos no campo
do Milvernão. Algumas dessas equipes sobreviveram por mais tempo, outras, não.
E assim, o que prevaleceu mesmo foi a prática da cultura do futebol sem
clubismo; mais do que isso: firmou-se espontaneamente como hábito de desporto diversificado
e sem expoente máximo individualizado.
“Em meados de 1968, Sr Divo Canarinho (Valdivino José
Franco), procura o então prefeito Reinaldo Magalhães Barbosa para comentar do
estado de abandono do campo e se colocar à disposição para organizar um grupo
de voluntários para dar a manutenção no espaço. O prefeito concordou e apoiou a
ideia. Sr Divo Canarinho, por conseguinte, reuniu alguns atletas da época,
dentre eles, Gilvan Almeida Franca (Gilvan de Sinha), Roosevelt Guimarães
Figueiredo (Véi Figueiredo), Getúlio Pereira dos Santos (Getúlio Padeiro), Biu Bateria, Alfredinho, Sieber Luís
Almeida Franca (Si de Geró), Geroácio Ivo de Almeida (João Paca) e Deomarino
Rodrigues de Almeida (Dió de Isná), que fizeram a roçada e capina da área”. (Narrativa de Leonardo Leal baseado nos relatos de Valdivino José
Franco)
Em 1975, havia dois
times principais na cidade: o Juventus, dirigido por Divo Canarinho e o Vila
Nova, por Geraldo Jardim (Geraldim de Dulce). Rei, Getúlio Padeiro, Divo
Canarinho e Piloto eram os principais jogadores do Juventus; por sua vez,
Gilberto Canguçu, Zé Rodrigo, Zé Russo, Carlos e Nivaldo, os principais atletas
do Vila Nova.
No segundo semestre
de 1985, uma seleção formada de Jogadores do Juventus e do Vila Nova disputou o
primeiro torneio triangular no campo recém inaugurado contra as seleções de
Joaíma e Jequitinhonha. De ora em diante, novos times de futebol foram surgindo
(apareciam e desapareciam na mesma velocidade). Muitos deles disputavam apenas
uma temporada. A experiência bem sucedida da seleção formada de Juventus e Vila
Nova, aliada com a mudança de Geraldim de Dulce da cidade, culminaram na união
definitiva das duas equipes, prevalecendo o Vila Nova. Nessa época, outro grupo
de atletas, dentre eles, Edmar Pereira Lima (Pelé), Aristides Balerine Silva (Tidim)
e Jânio Cláudio Rodrigues (Jânio de Rosalino), fundou o Flamenguinho. Assim,
durante alguns anos, a hegemonia do Vila Nova e do Flamenguinho predominou no
futebol felisburguense. Em 1989, na primeira gestão do Prefeito Jairo Murta
Pinto Coelho, foram criadas as Divisões Desportivas (1ª Divisão de Futebol, 2ª
Divisão de futebol e Divisão de Futebol de Salão). Vale ressaltar que o Flamenguinho
disputou importantes campeonatos regionais e o Vila Nova liderou e venceu de
1990 a 1997 todos os campeonatos municipais de Felisburgo.
A partir de 1992, com
a construção do Poliesportivo José Istácio Brandão, o futebol sofreu um
esvaziamento e o Estádio Milvernes Cruz Lima, aos poucos, foi sendo esquecido.
O Poliesportivo colheu para si as atenções e, quase nada mais acontecia no
campo. Ainda assim, mas com menor força, os campeonatos foram promovidos até o
ano de 1997. Doravante, as atividades futebolísticas do Estádio quase que
desapareceram por toda a década de 2000 e parte da década de 2010. Foram
pouquíssimos campeonatos e torneios neste longo período. Isto posto, as
manutenções e os investimentos de melhorias do Milvernão escassearam
significativamente, implicando na integridade do bem. As intempéries também
contribuíram bastante na sua degradação, inclusive, uma grande tempestade derrubou
vários pés de eucaliptos do seu entorno que danificou bastante as construções
de alvenaria. Este evento foi catastrófico para o bem que já sofria com os anos
de abandono. A retirada dos eucaliptos foi um processo doloroso... “Foi montada quase que uma serraria lá
dentro do campo. Caminhões entravam e saiam dali, durante muitos dias a fio, arruinando
ainda mais o pouco que restava do gramado”. Passado algum tempo da
tempestade, Getúlio Rodrigues dos Santos, exercendo seu segundo mandato como
prefeito (2005/2008), recuperou o muro. Outras intervenções pequenas se
sucederam nos anos e mandatos seguintes, mas sem muita expressividade. Fato que
o Estádio Milvernes Cruz Lima continuou decadente. A novidade daqueles tempos
se deu com a execução do projeto de iluminação do campo, no primeiro mandato do
prefeito Jânio Wilton Murta Pinto Coelho (2009/2012). Em 2018, a realidade dura
do Estádio começou a mudar. Tempos mais favoráveis surgiram no horizonte, e o
bem foi revitalizado.
Presidente do Conselho Municipal de Esporte Leonardo Leal Prefeito Jânio Wilton Murta Pinto Coelho Descerramento da Placa de reinauguração do Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima 04 de outubro de 2019 |
“15 de junho de 2018, foi quando tudo
começou. Estava eu, Leonardo leal, treinando o nosso amado B V JUVENTUS... Na
verdade, estava tentando fazer um treinamento, mas fui advertido que o
treinamento proposto não seria possível naquele gramado pequeno. Foi aí que
surgiu a ideia de um mutirão para ampliar a área gramada. Reunimos um grupo de
amigos e amantes do futebol, fomos até o gestor (Prefeito Jânio Wilton Murta
Pinto Coelho – Segundo Mandato 2017/2020) e pedimos a sua autorização e ajuda
para realizarmos a ação no gramado. Com o sinal verde do gestor, procuramos os
fazendeiros que nos cederam as mudas e, assim, iniciamos a obra. Meu Deus, e
que obra! Eu estava louco de ansiedade e doido pra começar logo, mas tudo era
novidade porque nunca tínhamos plantado grama antes, exceto, Lion, um amigo
atleta que já tinha trabalhado com jardinagem, que passou a nos orientar. No
início foi bom e tudo era motivo de graça e de brincadeira, contudo, o tempo
foi passando e a demora foi nos deixando sem voluntários... Mas conseguimos
fazer a terraplanagem. Agora, está fácil! – pensávamos – Vamos arrancar as
mudas nas fazendas, levar para o campo, plantar e pronto! Engano! Foi a pior
parte, pois achávamos que seria rápido e com poucas mudas resolveríamos a
situação. Calculamos 30 carregamentos de caminhão de grama, mas não deram nem
pra alcançar a metade da área. Aí, a equipe que já era pequena foi se encolhendo
mais ainda até ficar, praticamente, somente eu, Lion e Nestor... Foi aí que
veio a ideia de promover o réveillon em prol do Estádio. Então, voltamos a
procurar o prefeito que nos levou até o Secretário Municipal de Cultura,
Gladiston Batista de Araújo, onde firmamos a parceria. Nessa época, o
supracitado secretário, só respondia pela pasta da Cultura. O evento foi um
sucesso e ajudou bastante no empreendimento. Os companheiros Nestor Vieira e
Lion Andrade deixaram o voluntariado e foram contratados para a finalização do
plantio com o dinheiro da festa. Conseguimos o imensurável apoio de Alisson,
chefe de transporte da prefeitura que, além de continuar cedendo veículos para
o transporte da grama, da areia e do cascalho, disponibilizou três
funcionários. E assim, foi possível terminar o gramado. Depois disso, eu passei
muito tempo cuidando do gramado sozinho... Molhava o gramado com muita
dificuldade, pois não tinha água, nem irrigação suficientes. Ainda assim,
continuei firme e, por três vezes ao dia, dava sempre um jeito de correr lá
para trocar os aspersores de lugar até que a prefeitura mandou um funcionário
para trabalhar na manutenção. Seguidamente, o Secretário de Cultura Gladiston
Batista de Araújo, assumiu também o Esporte e me procurou oferecendo suporte. –
Aí, alavancou. O avanço foi enorme! – E vendo a possibilidade de garantir as
melhorias para o Estádio, convidei-o para uma visita no local. Mostrei o que
restava dos banheiros, vestiários e demais alvenarias; toda a precariedade do
sistema de irrigação e das instalações elétricas. Ele ficou “doido” com o
cenário, e decidiu pela tomada de providências junto ao prefeito. Logo veio o
investimento do ICMS Cultural (FUMPAC) que viabilizou a reforma geral do
Estádio. Na reforma construiu-se a cabine de árbitro; mudança de local e
reforma dos bancos de reservas; reforma dos banheiros com instalação de novas,
portas, pias e vasos sanitários; adequação de um dos banheiros para portadores
de necessidades especiais; correção do reboco e pintura das arquibancadas;
reforma dos vestiários com troca de telhas, conserto de portas e janelas,
instalação de vasos sanitários e pinturas interna e externa; encascalhamento
das marginais do campo gramado; nova instalação elétrica em todo o Estádio;
implantação de um novo sistema de irrigação; pintura com cal da parte interna
do muro; recuperação do alambrado; pintura geral. Antes de finalizar, gostaria de registrar que
Jânio Wilton Murta Pinto Coelho, Marino
Canguçu de Carvalho e um familiar de Milvernes Cruz Lima, patrono do Estádio
doaram, cada um deles, uma bezerra para as obras. Hoje, olho para o Campo e digo: Valeu muito a pena! – (Relato de Leonardo
Leal – atual Presidente do Conselho Municipal de Esporte de Felisburgo).
Atendendo à solicitação do Secretário
Municipal de Esporte, Cultura, Lazer e Turismo, Gladiston Batista de Araújo, a
Equipe Técnica do Setor Municipal de Patrimônio Cultural fez uma visita ao
Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima na primeira quinzena do mês de maio de
2019, objetivando uma vistoria no referido bem cultural, que constatou um
completo abandono. Muros sujos e com buracos em muitas placas; arquibancadas
sujas e com rebocos soltos; portas, janelas e portais com sinais de ataques de
cupins; banheiros interditados devido ao péssimo estado e ainda com os
ultrapassados vasos denominados de bacias turcas (instalados direto no chão e
que não utiliza assento sanitário. Os usuários precisam fazer as necessidades
agachados), vestiários com telhas quebradas, sujidades e com sanitários
péssimos estados e com bacias turcas instaladas; traves e alambrados quebrados;
muita sujeira e mato nos arredores; instalações elétricas danificadas, sistema
de irrigação precário e gramado alto. Em 27 de maio de 2019, a Equipe Técnica apresentou
a situação do Estádio Milvernes Cruz Lima na reunião do Conselho que aprovou
imediata intervenção para sua recuperação.
O Prefeito Municipal foi comunicado da decisão
do Conselho que determinou a execução das obras necessárias no referido Bem Cultural
do Município. Em pouco tempo, toda a realidade de descaso e de abandono do
Estádio foi ficando para trás. Em 04 de outubro de 2019, a comunidade recebeu o
Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima totalmente recuperado. O gramado do campo
que foi ampliado e revitalizado recebeu o nome de “Hormínio José de Souza”, um
dos grandes atletas e amantes do futebol felisburguense, que durante muitos
anos dedicou seus cuidados ao Estádio. Assim, inaugurou-se um novo tempo para o
futebol felisburguense.
A inauguração do Milvernão foi marcada pelo
retorno do Campeonato Municipal de Futebol, com a participação das seguintes
equipes: Centro 1, Centro 2, Bela Vista, Alto da Capelinha, Quilombola
Paraguai. Sagraram-se campeãs a Equipe do Alto da Capelinha (Campeã) e Bela
Vista (Vice-Campeã), em 07 de dezembro de 2019. No início deste ano, a
Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Lazer e Turismo anunciou a
implantação de Escolinhas de Futebol que deverá se confirmar com o fim do
isolamento social imposto pela Pandemia do Novo Corona Vírus/Covid19.
Relação de Times de Futebol de Felisburgo extintos: Vila Nova, Juventus (de Divo
Canarinho), Felisburgo Futebol Clube, Flamenguinho, Mumbuca, Prefeitura, União,
Ajax, Ateneu, Fortaleza, Cascavel, Aliança (zona rural), Café (zona rural),
Prates (zona rural), Córrego Azul (zona rural), Tanque (zona rural), Córrego do
Rubim do Sul (zona rural).
Relação de Times de Futebol de Felisburgo existentes: Bela Vista, Alto da
Capelinha, Juventus, Sorocaba, Paraguai (zona rural), Prata (zona rural).
O
Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima ocupa uma área total de aproximadamente
23.000 m² e
o campo gramado ocupa 6.800 m²
O campo
gramado do Estádio Municipal Milvernes Cruz Lima foi denominado de “Hormínio
José de Souza”,
em 04 de outubro de 2019.
DOCUMENTOS
ANEXOS
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Fotografias
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Áudios
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Ata(s)
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Vídeos
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FICHA
TÉCNICA
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Fotografias
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Joeslane, Leonardo Leal, João Pedro, Jânio Cláudio
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Vídeos
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Áudios
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Transcrição
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Gladiston Batista de Araújo
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Levantamento
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Paula Andréia Costa Santos, Gladiston de Araújo e Leonardo Leal
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Elaboração
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Gladiston Batista de Araújo
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Revisão
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Azenilda Camargo Costa e Paula Andréia Costa Santos
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Relatos: Divo Canarinho, Jânio Cláudio e Leonardo Leal
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Local e Data
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22 de novembro de 2019
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Sr Divo Canarinho - Um dos pioneiros do futebol de Felisburgo |
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