domingo, 20 de novembro de 2011

O MASSACRE DE FELISBURGO - Sete anos depois a impunidade continua


“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera Inteira.” – Che Guevara


O Massacre de Felisburgo ocorreu no dia 20 de novembro de 2.004, quando pistoleiros armados atacaram o acampamento Terra Prometida, no município de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. O ataque resultou na morte de cinco trabalhadores rurais sem terra e outros vinte ficaram gravemente feridos, inclusive uma criança de doze anos. Foram assassinados os trabalhadores rurais Iraguiar Ferreira da Silva (23 anos), Joaquim José dos Santos (49 anos), Miguel José dos Santos (56 anos), Juvenal Jorge da Silva (65 anos) e Francisco Nascimento Rocha (72 anos). A violência contra o acampamento já era esperada, pois o fazendeiro Adriano Chafik já vinha fazendo ameaças desde o início da ocupação, inclusive chegou a sequestrar adolescentes no local. Porém essas ameaças nunca foram investigadas, apesar de muitas delas terem sido denunciadas na delegacia local, no Ministério Público, ao Poder Judiciário e aos governantes municipal, estadual e federal. Eram constantes as ameaças perpetradas por Adriano Chafik e seus jagunços, mas as autoridades não tomaram medidas necessárias para evitar a tragédia. Cerca de 100 famílias haviam ocupado a Fazenda Nova Alegria, de 2.400 hectares, em 1º de maio de 2.002. Apesar de estudos do Instituto de Terras de Minas Gerais (ITER) indicarem que a área  é devoluta, o suposto  “proprietário” Adriano decidiu comandar pessoalmente o despejo das famílias. Segundo relatos de testemunhas, Chafik coordenou o ataque, orientando os pistoleiros: “Atirem! Matem todos. Podem atirar em todo mundo!” Além dos ataques a tiros, os pistoleiros atearam fogo em todas as barracas e destruíram os pertences das famílias, os agressores destruíram sementes guardadas para o plantio, a escola do acampamento, a biblioteca e a secretaria, com mais de 400 livros. Entidades locais responsabilizam os poderes Executivo e Judiciário, pois os conflitos de terra são consequência da morosidade na realização da reforma agrária. Um ano depois do massacre, Frei Gilvander Moreira, da CPT-MG, faz um relato da situação das famílias sobreviventes: “Os sem terra seguiram em frente, mesmo depois de as famílias terem perdido todos os seus barracos e pertences queimados pelos pistoleiros, na semana seguinte, já tinham reocupado a Fazenda Nova Alegria e reconstruído outro acampamento. Pela primeira vez na história de Felisburgo, os trabalhadores rurais não abaixaram a cabeça diante do autoritarismo do latifúndio. Reagiram para dar continuidade à luta por seus direitos, tanto que, poucos dias depois, ocuparam a prefeitura municipal para exigir a criação de uma escola no acampamento. Isso demonstra o grau de consciência e coragem que as famílias adquiriram com o processo de luta.”

 Fonte: Revista CPT e MST

Local do Massacre - Fazenda Aliança/Acampamento Terra Prometida - Felisburgo/MG
Adriano Chafik


Felisburgo-MG

Pça Del Rey - Felisburgo/MG
Visão noturna da Pampulhinha - Felisburgo/MG
Avenida Herculano José de Souza - Felisburgo/MG
Pampulhinha - Felisburgo/MG
Pça São Sebastião - Felisburgo/MG
Pampulhinha
Pampulhinha
Vista Aérea de Felisburgo/MG
Pça São Sebastião - Felisburgo/MG
Vista Parcial de Felisburgo/MG
Alto da Avenida Brasil - Felisburgo/MG
Felisburgo visto da Torre da TELEMAR
Anfiteatro Municipal - Felisburgo/MG
Prédio da Prefeitura antes da Reforma - Felisburgo/MG

sábado, 19 de novembro de 2011

Minha homenagem a todos que guardam no baú de lembranças a Rua de sua infância

Rua do Sertão


Gladiston de Araújo

Casinhas tortas enfileiradas
Aos pés da Serra Morena
Atravessavam a minha infância

Era a rua do Sertão 
Hoje, não é mais não!

Quando a lua clareava
Cantigas de rodas entoavam
E no giro do círculo a gente sonhava

A rua era mágica... do Sertão!
Hoje, não!

(Infelizmente, a rua da minha infância deixou de ser "do Sertão" para pertencer a um tal "Deputado José Mendes Honório")

A Rua do Sertão era o caminho de acesso à Capelinha de Nossa Senhora das Graças - Felisburgo/MG


Felisburgo-MG - A Caixa D'água do Jequitinhonha


Entardecer na Pampulhinha - Felisburgo/MG - Foto: Alunos do SEBRAE-MG

Vista Aérea da Pampulhinha - Felisburgo/MG

Parte Alta da Avenida Brasil - Felisburgo/MG

Avenida Brasil - Felisburgo/MG

Avenida Brasil - Felisburgo/MG

Capelinha de Nossa Senhora das Graças - Alto da Serra Morena - Felisburgo/MG

Alto da Avenida Brasil - Felisburgo/MG

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário - Pça São Sebastião - Felisburgo/MG


Ladeira da Avenida Brasil - Felisburgo/MG









"Felisburgo é a negação do triste, sem ser a explosão do alegre a todo pano; será o grato equilíbrio, o ponto de enlace das possibilidades amáveis de existir e coexistir" - Carlos Drummond de Andrade


O clube da ilusão em Felisburgo

Carlos Drummond de Andrade
(Os Dias Lindos)

Enjoado de viver o de sempre, desdobrei o mapa de Minas Gerais, esse país dentro do país, na esperança de achar uma cidade que fosse a cidade. Não uma qualquer entre milhares, mas aquela onde tudo fosse calme, luxe, volupté, entendo-se como luxo o contrário de ostentação e fausto. A acepção quatro do Aurélio: “viço, vigor, esplendor”. Isso eu queria.
Não há tal cidade no mundo, ponderou-me a Experiência Madura, cozinheira que mantenho a meu serviço desde priscas eras e nunca me falseou o tempero. Ela diz, ela sabe. Quis contrariá-la: Minas é tão grande! Mina maior do que Minas. Jazida a explorar sempre. Pode ser que eu lá encontre o desejado. Pode ser. Há de ser.
O dedo sobre Pouso alegre e Monte Alegre, hesitante. A imaginação circunvoa Pedra Azul, que se alça em paisagem, azul debaixo de azul. Águas Formosas? Campo Florido? Boa Esperança? Maravilhas parece-me duvidoso. Preferimos o óbvio: Felisburgo, no médio Jequitinhonha, me detenho.
Esta é a cidade, exclamei. Tão evidente, que se faz proclamar por sua condição, natureza e destino. Cidade que se fundou para exercer a felicidade. Está me chamando. Para lá eu vou.
Felisburgo há de ser diferente, e nem preciso requerer certo modo de ser feliz, que se componha com as minhas preferências. Por felicidade, entenda-se o que varia de indivíduo a indivíduo, mantendo a tônica: a elevação do ser à pura essência, pela ruptura com o circunstancial, o enfadonho, o mesquinho, o malicioso, o perverso – tantos males que envolvem o precário bem entrevisto no cotidiano. Luxe, calme...
Felisburgo é a negação do triste, sem ser a explosão do alegre a todo pano; será o grato equilíbrio, o ponto de enlace das possibilidades amáveis de existir e coexistir, e que nunca se plasmam num todo coerente: ora falta uma, ora outra, ou são várias ou muitas que escasseiam, e nada pode o homem se a mínima coisa desfaz a composição das coisas máximas. Estas, por sua vez, mantêm-se distantes umas das outras, de sorte que ser feliz é ser quase, ou pouco, ou sentir apenas que se poderia ser feliz, se uma ordem, uma arquitetura, uma matemática unisse todos os imponderáveis que geram o estado de felicidade. Calme, volupté...
Zapt! Corro à agência de turismo, compro passagem, desço, para ficar, feliz, em Felisburgo. Aparentemente, é só uma pequena cidade, e não poderia ser de outro modo, que de megalópoles e candidatas a megalópoles estou fugindo. Noto ajuntamento diante de uma parede. Na parede o edital. No edital, isto:
“Tendo em vista a assembleia geral extraordinária do Ilusão Clube de Felisburgo, que deliberou a sua dissolução e venda, em concorrência ou leilão público, do seu patrimônio, composto de prédio, mesas, cadeiras, geladeira, motor, refrigerador, a realizar-se no dia 28 de janeiro de 1.976, às 13 horas, etc...
(assinado) Jair Pinto Coelho, presidente da comissão.
Ó tempo, ó palavras. Em Felisburgo, numa hora de escassa inspiração, fundou-se um clube inacreditável, em que os sócios se reuniam para se iludirem pensando que estavam morando em Felisburgo. Quando realmente estavam. Eles não sabiam. Apelaram para a ilusão. Não viam, não repararam, não se capacitaram da realidade que é Felisburgo. Tentaram inventar outra, um clube, uma casa cheia de cadeiras – para que cadeiras? Com motor – motor para quê? Até geladeira eles puseram lá. Claro que a felicidade não é um clube nem reside em geladeira, coisas indiferentes em si, sendo que o clube nem sempre é indiferente: pode ser o meio de fugir de casa ou de si mesmo.
Abanei a cabeça, decepcionado. Prefigurei o leilão, as ilusórias cadeiras, o motor ilusionante, arrematados a preço de banana, e os sócios do clube, borocoxôs, assistindo à derradeira etapa da desilusão que eles criaram por sua insensatez. Não disse: bem feito, porque não vou gozar a tristeza dos outros. Mas achei natural que o clube e suas ilusões fossem leiloados. Felisburgo merece ser mais do que um clube de utopia. Ou vale o nome que tem, ou não vale nada.
Não há por aí, no mapa de Minas ou algures, uma cidade, um povoado, um palmo abençoado de terra, onde se realize o projeto de Baudelaire: luxe, calme, volupté? (não, evidentemente, o edifício que lhe arrebatou o nome. Pobre Charles: se voltasse, não terias acesso à portaria.)

PARTE ALTA DA AVENIDA BRASIL - FELISBURGO-MG - ATUAL


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!

Jô Soares sobre professor


O material escolar mais barato que existe na praça é o professor! Se é jovem, não tem experiência. Se é velho, está superado. Se Não tem automóvel, é um pobre coitado. Se tem automóvel, chora de “barriga cheia”. Se Fala em voz alta, vive gritando. Se Fala em tom normal, ninguém escuta. Se Não falta ao colégio, é um 'caxias'. Se precisa faltar, é um 'turista'. Se Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos. Se Não conversa, é um desligado. Se dá muita matéria, não tem dó do aluno. Se dá pouca matéria, não prepara os alunos. Se Brinca com a turma, é metido a engraçado. Se não brinca com a turma, é um chato. Se Chama a atenção, é um grosso. Se Não chama a atenção, não sabe se impor. Se a prova é longa, não dá tempo. Se a prova é curta, tira as chances do aluno. Se escreve muito, não explica. Se Explica muito, o caderno não tem nada. Se Fala corretamente, ninguém entende. Se Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário. Se Exige, é rude. Se Elogia, é debochado. Se O aluno é reprovado, é perseguição. Se O aluno é aprovado, deu 'mole'.
 
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!




Não quero morrer como herói índio das histórias em quadrinhos... Mas, como MAXAKALI - EXCURSÃO DOS ALUNOS DA E. M. EUPLÍNIA MAG. BARBOSA - 2010 - ÁLBUM PARTE 02