quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

CONJUNTO DE QUADROS DE GLÓRIA CÁSSIA - Patrimônio Cultural Inventariado de Felisburgo

Conjunto de Quadros de Glória Cássia

Acervo: Centro Cultural Baptista Brazil
Proprietário: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Endereço: Casarão Bety Almeida - Avenida Brasil, 584 – Centro – Felisburgo/MG
Responsável: Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Lazer e Turismo

Época: Final do Século XX - 1995 

Origem: Felisburgo-MG - Brasil

Espécie: Quadros: Artes Plásticas 

Autoria: Glória de Cássia 

Procedência: Glória Cássia. Os Quadros foram doados ao Centro Cultural Baptista Brazil de Felisburgo-MG pela própria artista.

Os Quadros pertencem ao Centro Cultural Baptista Brazil
e foram doados de forma carinhosa pela própria autora  

“A pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica.” – Pablo Picasso

As artes plásticas ou belas-artes são as formações expressivas realizadas utilizando-se de técnicas de produção que manipulam materiais para construir formas e imagens que revelem uma concepção estética e poética em um dado momento histórico. O surgimento das artes plásticas está diretamente relacionado com a evolução da espécie humana. O artista plástico lida com papel, tinta, gesso, argila, madeira e metais, programas de computador e outras ferramentas tecnológicas para produzir suas peças.

Os Quadros de Glória Cássia (onze unidades), aqui tratados, são desenhos feitos a lápis grafite que representam prédios e espaços da cidade de Felisburgo (Capelinha de Nossa Senhora das Graças, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, Fachada Frontal do Cemitério Municipal, Poliesportivo José Istácio Brandão, Terminal Rodoviário Leordino Souza Aguilar, Praça Del Rey, Hospital de Felisburgo, Prefeitura Municipal, Mercado Municipal Sebastião Gomes dos Santos, Centro Cultural Baptista Brazil) e, ainda, a Igreja Matriz de Senhor Bom Jesus da cidade de Rio do Prado (cidade vizinha).  (Vide fotos na galeria no final desta postagem).

O desenho é um suporte artístico ligado à produção de obras bidimensionais diferindo, porém, da pintura e da gravura. Neste sentido, o desenho é encarado tanto como processo quanto como resultado artístico. No primeiro caso, refere-se ao processo pelo qual uma superfície é marcada aplicando-se sobre ela a pressão de uma ferramenta (em geral, um lápis, caneta ou pincel) e movendo-a, de forma a surgirem pontos, linhas e formas planas. O resultado deste processo (a imagem obtida) é chamado de desenho. Desta forma, um desenho manifesta-se essencialmente como uma composição bidimensional formada por linhas pontos e formas.

 

Os quadros são basicamente do mesmo tamanho, com orientação em paisagem (horizontal), com fundos de compensado em cor natural e molduras de madeira pintadas com tinta a óleo preta. Os desenhos produzidos com lápis grafite, sobre folhas de papel cartolina, são revestidos por uma película transparente de plástico. Podemos afirmar que os quadros de Glória de Cássia nos conduzem à arte do grafite* e lembram muito os desenhos realistas.

* O grafite é um tipo de arte urbana caracterizado pela produção de desenhos em locais públicos como paredes, edifícios, ruas, etc. É bastante usado como forma de crítica social, e, além disso, é uma maneira de intervenção direta na cidade, democratizando assim, os espaços públicos.

As obras de Glória Cássia, no sentido estrito de Belas Artes, se constroem a partir da perspectiva de aproximação entre as linguagens e saberes que passeiam do realismo ao poético, que encontram em si um espaço privilegiado para a reflexão sobre a interdisciplinaridade.

Iniciada ainda na infância e estendendo até o final da vida da artista, o conjunto geral de suas obras está marcado por uma abordagem simples que muito fala da vivência e experiências de *Cassinha com o quotidiano de sua terra natal, Felisburgo.

Os onze quadros que compõem a coleção e que são objetos nesse inventário, são desenhos traçados utilizando da técnica do grafite e contemplam cenários urbanos da pequena Felisburgo nas décadas de 1980 e 1990, principalmente. São desenhos considerados realistas, ou quase isso, que registraram paisagens daquela época.

Glória Cássia teve senso crítico muito apurado e soube usá-lo bem para alterar tons, luz, aumentar o contraste, de forma a alcançar o objetivo esperado. Tudo que ela produziu foi feito com muita dedicação; deu o melhor de si... que é possível ver a emoção contida em todas as obras. Daí, preservar esta pequena parte de suas obras (Quadros de Glória Cássia)  que se encontra no Centro Cultural Baptista Brazil é algo de extrema importância para as artes felisburguenses.

*Cassinha: Assim, Glória Cássia era chamada pelos familiares e amigos. Também era conhecida por “Cássia”, “Cássia de Robim” e “Cássinha de Seu Nego de Dejão” 

O Conjunto de Quadro de Glória Cássia lembra a forma contemporânea de arte essencialmente urbana (quase sempre são desenhos em muros, viadutos, prédios etc.). No caso dos Quadros, sugerem que a artista se inspirou nesse estilo como forma de expressão artística para retratar lugares da paisagem da cidade usando o lápis gravite e se valendo do monocromatismo. Os desenhos cinzelados nas cartolinas remetem também ao estilo realista das belas artes, pois os desenhos, ainda que monocromáticos, mostram a tentativa de se aproximarem ao máximo do factual.

"Os Quadros, produzidos nos anos de 1990, são desenhos que retratam determinados elementos a paisagem urbana e marcam um tempo histórico de Felisburgo. Eles valorizam a construção civil e a arquitetura daquela contemporaneidade, bem como, das primeiras décadas de fundação do povoado. Eles foram doados ao Centro Cultural Baptista Brazil pela própria artista".

A iconografia do bem cultural ajuda a apreciar e, talvez, entender um pouco da história da construção civil e arquitetônica do Município, pois, através das imagens e formas expressas nas obras, somos levados a um passado recente que remontam as ações humanas que transformaram a paisagem felisburguense.

Felisburgo foi fundado no finalzinho do Século XIX e início do Século XX, entre os anos de 1899 e 1902. Em 1903, o Padre Emereciano Alves de Oliveira celebrou, na Casa de Oração erguida pelo patriarca da Família Albino, a Primeira Missa. Tal acontecimento oficializou o surgimento do lugar. Em 1915, o Frei Holandês Samuel Tetteroo impulsionou a evangelização e inaugurou a Capela do Padroeiro São Sebastião, na atual praça de mesmo nome.

O nascente povoado do Comercinho do Rubim ou Rubim do José Ferreira teve estas denominações por estar situado nas cabeceiras do Córrego Rubim do Sul e Córrego José Ferreira. Entre os pioneiros do Comercinho do Rubim do José Ferreira destaca-se o diamantinense João Baptista Brazil Lopes de Figueiredo, que em 1918, conseguiu a mudança do topônimo para Felisburgo, félix – burgo, fusão de duas palavras do latim, cuja palavra significa “FelizCidade” – literalmente, FELICIDADE.

“O belo Felisburgo com toda a justiça cotado pelos maiores que, com raras intuição guiam os destinos de Jequitinhonha, para próximo futuro Distrito de Paz, tendo essa localidade, de rara beleza topográfica e salubérrimo clima, (...) Felisburgo, é o antigo Comercinho do José Ferreira ou Rubim – nome genérico com que se designavam todas as fazendas, povoados e margens do córrego de mesmo nome e que na intenção de salvá-lo da promiscuidade confusa, evitando desvios prováveis de correspondência e da humilhante condição de lugar sem nome próprio que o distinguisse dos demais, Baptista Brazil, recentemente, em 1918, justificando os motivos que o levavam a tal gesto, oficializou ao orgam competente da Câmara, apresentando o nome de Felisburgo, que foi naquela nobre casa, geralmente aceito por seus ilustres pares, comprometendo-se o muito ilustre Sr. Dr. Olyntho Martins, de na primeira ocasião, submeter à alta Câmara do Estado a aprovação de tão necessária e justa medida.”. (Livro Inquérito Agrícola e Pastoril do Município de Jequitinhonha – João Baptista Brazil Lopes de Figueiredo – 1922)

Felisburgo possuía, então, apenas uma praça às margens do Córrego José Ferreira e uma única rua no sentido da atual Avenida Brasil. Daí, por ironia, os habitantes de Rio do Prado, antigo Barracão, aqui representado pelo Quadro da Igreja Matriz de Senhor Bom Jesus, considerados rivais em desenvolvimento, chamavam os cidadãos felisburguenses de “cachimbeiros” pelo fato do formato da área urbana ser semelhado ao desenho de um cachimbo.

O primeiro Mercado, atual prédio do Itaú e da Emater-MG, foi construído por Moisés Carneiro (1922), na mesma época, foi construído o prédio que hoje é denominado de Centro Cultural Baptista Brazil. O Antigo Mercado construído por Moisés Carneiro era o ponto de encontro dos caixeiros viajantes e de pouso dos tropeiros. Vale ressaltar que estes profissionais empreendiam o grande elo de comunicação entre estes longínquos povoados e os primeiros responsáveis pelo crescimento econômico das antigas comunidades.

Em 1948, quando Joaíma elevou-se a Município, automaticamente, Felisburgo tornou-se um dos seus distritos. Em 1956 foi inaugurada a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, substituindo a Capela de São Sebastião. Em 1958 foi construído o Prédio da atual Prefeitura Municipal para sede das Escolas Reunidas de Felisburgo. Em 30 de dezembro de 1962 foi criado o Município de Felisburgo, que foi instalado a 1° de Março de 1963, inaugurando a sua Emancipação Político-Administrativa.

Em 1963, foi inaugurado o Cemitério Municipal. A Associação Filantrópica de Proteção à Maternidade e a Infância de Felisburgo – APROMIF foi instituída no ano de 1972. Ela mantém o Hospital de Felisburgo. Praça Del Rey foi construída e inaugurada, em 1980, pelo então prefeito Geraldo Magalhães Barbosa. O Terminal Rodoviário Sebastião Gomes dos Santos, atual Mercado Municipal, em 1985. O Mercado Municipal Leordino Souza Aguiar, atual Terminal Rodoviário, foi inaugurado em 1988. Em 1992 foi construído o Ginásio Poliesportivo José Istácio Brandão.

O Município de Felisburgo possui extenso acervo cultural que vai desde músicas, teatro, artesanato até o folclore e tradições religiosas que movimenta o Município o ano inteiro e devido a sua altitude, Felisburgo, possui um clima ameno com temperaturas agradáveis, principalmente ao cair da tarde, quando começa soprar um friozinho. O clima ameno oferece campos verdes por muitos meses do ano. Do alto das montanhas, observa-se baixadas com pastagens intensamente verdejantes, sempre entrecortadas de rios e córregos de água fresca. Aqui e acolá, uma cachoeira aparece para enfeitar o lugar... E, assistir um pôr do sol, sentado na soleira da Capelinha de Nossa Senhora das Graças, construída em 1959, vendo a cidade de Felisburgo do alto... É o máximo! Sem igual!


Um pouco da Biografia de Glória Cássia

Glória Cássia

A Artista Plástica Gloria Cássia de Souza Silva, autora do Conjunto de Quadros tratado neste inventário, nasceu na Fazenda Baixa de Areia, nos arrebaldes de Felisburgo, na tarde álgica do dia 29 de junho de 1963, alguns meses da Emancipação Político-Administrativa do supracitado Município (1° de Março de 1963). Filha de Florisvaldo Rodrigues da Silva e de Cleonice de Souza Silva. Filha primogênita de dez irmãos. Devido à fragilidade de sua saúde, só conseguiu concluir o curso do Magistério em 1988, mas não exerceu a profissão.

Nascida sob o signo de Câncer, foi casada com o poeta, historiador, ensaísta e radialista Robson Waite Mendes. - “Mais que meu marido, me foi, por dádiva divina, cordado companheiro e luminoso guia” – Glória Cássia – Auto Biografia redigida pouco tempo antes do seu falecimento. – Do matrimônio nasceram cinco filhos, sendo que três faleceram ainda bebês.

“Creio na existência do Criador, na pluralidade da existência e acredito que não importa a escola religiosa ou filosófica que pertencemos, se amarmos os nossos semelhantes e praticarmos o bem, Deus estará conosco e nós estaremos com Deus”. – Glória Cássia. 

A artista era muito modesta. Afirmava ser artista de profissão, mas, se considerava amadora, por não ter frequentado uma escola de Belas Artes. “... e tudo que sei concernente a arte plástica, aprendi sozinha, e após passar por vários estilos, fixei-me em Van Gogh, ao qual me sinto ligada por forte laço espiritual, cujo os nós, pressinto foram atados em vidas regressas, e se estenderão além dessa”. – Glória Cássia

Glória Cássia participou de importantes exposições: 19ª Feira da Paz em Belo Horizonte, promovida pelo Servas em 24 de abril de 1995; 1° Encontro do Felisburguense Ausente, ocasião que foi agraciada com um troféu (27/02/1993); 2° Congresso Ecológico da Escola Estadual de Felisburgo, em 05 de maio de 1997, onde expôs como convidada especial; participou do Concurso de Pintura Mural do 1° Encontro de Arte de Jequitinhonha (FESTIVAL JEQUITINHONHENSE DE CULTURA POPULAR), nos dias 09 a 11 de agosto de 1999; expôs no Casarão Bety Almeida em 10 de setembro de 1998; no Colégio Arnaldo em Belo Horizonte (27/03/1999); em Arraial D’ajuda – Porto Seguro, nos dias 07 e 08 de setembro de 1999; No CECAJE – Centro Cultural dos Artistas de Jequitinhonha, entre os dias 24 a 26 de setembro de 1999; na Escola Municipal Euplínia Magalhães Barbosa (10/10/1999); no Argos Clube de Felisburgo com o Tema: “Felisburgo e a Arte de sua Gente” (17/12/1999); novamente no Argos Clube, no dia 05 de março de 2000, com o Tema: “Universo Vivo”, em comemoração aos 500 Anos de Brasil e IV Ano de Encontro do Felisburguense Ausente; realizou sua 11ª exposição nos dias *1 a 5 de maio, na CEMIG de Almenara, sendo convidada para integrar o Programa da CEMIG intitulado Arte da Terra. (*1 a 5 de maio: não foi registrado o ano na Auto Biografia da Artista). Em 2018, Felisburgo sediou a 35ª Edição do FESTIVALE – Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha e, na ocasião, Cassinha foi homenageada no segmento Mostra de Fotografia.

São muitas as minhas alegrias, mas marcou-me profundamente o nascimento dos meus filhos e a recuperação parcial da minha saúde através de uma cirurgia cardiovascular. Já a maior tristeza, sem dúvida, a morte dos meus filhos... e ver crianças sendo  prostituídas e assassinadas. Tenho um problema sério de saúde, Cardiectasia Progressiva mais calcificação mitral e aórtica. Minha Mãe, Cármina Burana, a mulher nota 10, e eu, claro. Tenho verdadeira devoção por Adolfo Bezerra de Menezes e Antônio Francisco Lisboa, O Aleijadinho. Meu desejo maior: Que o ser humano fosse mais... humano e sonho criar uma Fundação para apoiar crianças carentes e jovens que queiram se profissionalizar... Uma personalidade: Chico Xavier, padrinho da minha filha Cassiopéia Córis. Agora, o que mais detesto mesmo é de pessoas desonestas, egoístas, mesquinhas, e qualquer violência perpetrada contra o ser humano e a natureza. Atendo pelo Pseudônimo Lírio Branco e tenho o apelido de Cassinha”. Glória Cássia – Auto Biografia

Gloria Cássia de Souza Silva faleceu em São Paulo em 2004.

GALERIA DO CONJUNTO DE QUADROS DE GLÓRIA CÁSSIA - PATRIMÔNIO CULTURAL INVENTARIADO DE FELISBURGO

Quadro Capelinha Nossa Senhora das Graças

Quadro Fachada do Cemitério Municipal

Quadro Centro Cultural Baptista Brazil

Quadro Hospital de Felisburgo

Quadro Igreja Matriz de Senhor Bom Jesus de Rio do Prado

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

Mercado Municipal - Antigo Terminal Rodoviário

Poliesportivo José Istácio Brandão

Praça Del Rey

Prefeitura Municipal

Terminal Rodoviário - Antigo Mercado

Homenagem a Glória Cássia no 35 FESTIVALE - Felisburgo

REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS:


- WIKIPÉDIA, a Enciclopédia Livre – Artes Plásticas – Março/2020

- UOL, Educação – Grafite, uma forma de arte pública – Site Uol

- PINTAR, Amo – O que é Monocromia? O Esquema mais simples de cor!

- BRAINLY – Artes Ensino Fundamental Básico

- EDUCPOESIA Blog – Resenha da História de Felisburgo – 2012

- FIGUEIREDO, João Baptista Brazil Lopes de – Inquérito Agrícola e Pastoril do Município de Jequitinhonha – 1922

- SILVA, Glória Cássia de Souza – Autobiografia – Início década 2000


INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES:

Bem de interesse de preservação e indicado para fins de tombamento pelo Patrimônio Cultural de Felisburgo.


FICHA TÉCNICA

Fotografias

Joeslane Gil de Souza, João Pedro Félix, Jô Pinto, Arquivo da Família de Glória Cássia

Transcrição

Gladiston Batista de Araújo

Levantamento

Gladiston Batista de Araújo e Paula Andréia Costa Santos

Elaboração

Gladiston Batista de Araújo

Revisão

Paula Andréia Costa Santos e Azenilda Camargo Costa

Local e Data

Felisburgo-MG, 20 de novembro de 2020

terça-feira, 28 de julho de 2020

PRAÇA DEL REY


Praça Del Rey é um marco da expansão urbana de Felisburgo que valorizou áreas semi-urbanizadas e contribuiu com o surgimento de novos bairros na cidade. O Bairro Nossa Senhora Dajuda data de um pouco antes da construção da Praça Del Rey, mas alavancou seu crescimento de verdade subsequente à inauguração da referida praça. Outro exemplo singular da influência da Del Rey é a Avenida Herculano de Souza, que liga a histórica Avenida Brasil à MG – 205, no trecho de Felisburgo e Rio do Prado, e que anos mais tarde motivou a formação do Bairro Cidade Nova. 


 Designação: BI 006 Praça Del Rey
Endereço: Rua Minas Gerais com Rua Governador Magalhães Pinto
Propriedade: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Uso Institucional: Institucional
Responsável: Prefeitura Municipal de Felisburgo
Inventário: 1998
Tombamento: Decreto n° 002/98
Inscrição Livro do Tombo: N° 002 - Página 02 v
Obs: Bem Cultural Tombado, mas ainda sem o reconhecimento do IEPHA

HISTÓRICO
conservação da paisagem cultural e seus impactos têm sido alvo de frequentes debates por parte dos políticos, sociedade organizada, universidades e pesquisadores. A paisagem é produzida constantemente no espaço, sofrendo interferências do ser humano e assim constituindo a herança cultural de uma sociedade. Os seres humanos, historicamente, têm sido influenciados pelo espaço e vice-versa. Nesse contexto, é criada e recriada a paisagem cultural que representa uma cultura que muitas vezes está gravada em construções urbana, o patrimônio cultural edificado.
Praça Del Rey com seus traçados arquitetônicos modernos fez surgir no seu entorno construções inovadoras contrastando com a parte antiga da cidade. A praça era a novidade. E a população não demorou de se apropriar desse espaço amplo e agradável. Muitas atividades culturais, além do lazer rotineiro, migraram para lá. Os desfiles de 7 de setembro, alguns comícios políticos e o Carnaval são alguns desses exemplos. Inclusive, o Carnaval, Patrimônio Cultural Imaterial Inventariado e indicado para registro, continua sendo realizado na Del Rey.
As praças são espaços bastante apreciados nas cidades e, muitas vezes, carregam anos e até séculos de história. Quando ocorreu o surgimento delas, eram consideradas locais de comércio, socialização, troca de conhecimento e de rituais em diversos tempos da história do mundo. Atualmente, são ocupadas com árvores e jardins e são usadas para passeios, cultura e esporte.
Em uma definição bastante ampla, praça (do latim: platea = alargamento) é qualquer espaço público urbano livre de edificações e que propicie convivência e/ou recreação para seus usuários. Normalmente, a apreensão do sentido de “praça” varia de população para população, de acordo com a cultura de cada lugar. Em geral, este tipo de espaço está associado à ideia de haver prioridade ao pedestre e não acessibilidade de veículos, mas esta não é uma regra. No Brasil, a compreensão de praça comumente está associada à presença de ajardinamento, sendo os espaços conhecidos por largos correspondentes à percepção que se tem de praça em países da Europa. De acordo com cada sentido que a palavra assume, estes ambientes podem ser praça jardim, praça seca, praça azul, praça amarela.
Talvez, os primeiros recintos urbanos tenham sido intencionalmente projetados para cumprirem o papel que hoje é dado às praças sejam a ágora, para os gregos, e o fórum, para os romanos. Ambos espaços possuíam, no contexto das cidades nas quais se inseriam, um aspecto simbólico bastante importante na cultura de cada um dos povos: eram a materialização de uma certa ideia de público.
ágora grega era o espaço no qual a limitação da esfera pública urbana estava claramente decidida: aí se praticava a democracia direta, sendo o lugar, por excelência, da discussão e do debate de ideias entre os cidadãos. Era também utilizada para a transmissão de conhecimento cultura. Por conta da sua importância, eram bem planejadas, fequentadas e bem cuidadas. Já o fórum romano representava em si a monumentalidade do Estado. Diferenciava-se da ágora na medida em que o ambiente de discussão não era mais a praça pública aberta, mas o lugar fechado dos edifícios, nos quais a penetração era restrita. Como as cidades eram união de vários povos, esses locais foram usados para assembleias, disputas atléticas e gladiadoras; tinham a função de comércio e encontros religiosos.
No Brasil, o conceito de praça é popularmente associado às ideias de verde e ajardinamento urbano. Por este motivo, os espaços públicos similares às praças européias medievais, que normalmente se formaram a partir dos pátios das igrejas e mercados públicos, são comumente chamados de adros ou largos.
Também por este motivo, uma série de jardins urbanos que surgem devido ao traçado viário das cidades (como rotatórias e canteiros centrais de grandes avenidas) acaba recebendo o título legal de praça, ainda que sejam espaços de difícil acesso aos pedestres e efetivamente desqualificados como praças.
não ser pelas praças em regiões centrais dos grandes centros urbanos, a típica praça na cidade brasileira se caracteriza, portanto, por ser bastante ocupada por vegetação e arborização. Quando ela recebe maior tratamento, ou quando foi resultado de um projeto, ela costuma possuir instrumentos recreativos e contemplativos, como playgrounds, recantos para estar, equipamentos para ginástica e Cooper, bancos e mesas, dentre outros.
Em Minas Gerais, as praças são um símbolo do Estado; um espaço público central à vida em diversas localidades, formatado por afetos, memórias e relações capazes de impactar a vida dos moradores e fomentar o desenvolvimento dos municípios.
“É comum termos conhecimento sobre a história de uma cidade ou de personalidades que lá nasceram, mas as praças, mesmo sendo importantes espaços públicos, são muitas vezes negligenciadas. Trata-se, porém, de áreas intrinsecamente relacionadas à evolução dos municípios”. (Patrícia Duarte de Oliveira Paiva). – São poucos estudos existentes sobre as praças em muitas localidades mineiras, sobretudo naquelas que marcaram um período muito importante da história. Importante salientar, que os estudos contribuem bastante para a maior valorização do contexto histórico, social e ambiental das praças e das cidades.
Felisburgo, por sua vez, carrega no traçado urbano, várias praças ajardinadas e canteiros centrais verdes, que se espalham pelas principais ruas e avenidas valorizando a paisagem com mais verde e melhor qualidade de vida para moradores. Inclusive, o destaque dado a elas é tão significativo que mereceu da parte do poder público medidas protetivas respaldadas em leis como inventários e tombamentos contemplando algumas delas. A cidade, além da Praça Del Rey, tem como patrimônio inventariado e tombado o “Conjunto Paisagístico de Felisburgo” composto pela Avenida Brasil e praças José Dias Pinto Coelho e São Sebastião.

As melhores energias vêm do amor pela vida, pelo planeta,
pelo nosso solo, pela nossa gente e por nós mesmos.
Tudo o mais é consequência disso.
(Stela Vecchi)

Praça Del Rey não é uma praça qualquer. Ela é poética, romântica, mística... É pura arte! Seu traçado geométrico forma um polígono octogonal revelando o desenho de uma mandala, arte de contemplação milenar que teria sido idealizada pelo próprio Buda, onde cada parte do desenho representaria suas lições. Essa arte ainda é criada no presente e, como simbolismo do centro do mundo da forma não apenas às cidades, aos templos e aos palácios reais, mas também a mais modesta habitação humana. A contemplação de uma mandala nos inspira serenidade, sentimento de reencontro com o sentido essencial da vida. O Todo integrado e interligado ao Um: o Universo.
No caso da Praça Del Rey, o tracejado poligonal formador da mandala utiliza o Baguá na divisão do espaço em oito áreas diferentes. Essa fração octogonal baseada no Baguá configura, no campo material, uma Rosa dos Ventos que aponta as direções exatas do perímetro urbano de Felisburgo e, no espiritual remete à ideia de infinito e de recomeço; inspirando serenidade, equilíbrio, harmonia, sentimento de reencontro com o sentido essencial da vida – “FELIZCIDADE” – a vida em constante movimento e conectada com a Natureza. Assim, a mandala de oito lados representa a harmonia do Céu presente na Terra, pois, estabelece uma figura de transição entre o círculo (símbolo do Céu) e o quadrado (símbolo da Terra).
Como foi dito, a mandala octogonal alvitra o plano superior e o plano inferior, espiritual e material. Daí, octógono é uma figura capaz de unir dois grandes símbolos cósmicos: a Terra, representada pelo quadrado, e o Céu, representado pelo círculo. Dessa forma, misticamente, articula o mundo das ideias, da alma, das aspirações e criatividade com o plano físico, racional, objetivo, cartesiano. Os budistas acreditam que a mandala é a representação do nirvana por inspirar paz interior (serenidade) e iluminação (clareza).
A mandala hoje em dia, por ser a forma mais básica da Geometria Sagrada, cada vez mais vemos referências a esse símbolo em nosso dia a dia. Seja em elementos de decoração; artes ou moda; arquitetura, como na Praça Del Rey; a mandala se faz presente na paisagem e inspira, mesmo sem percebermos, a busca pela paz interior... pela FELICIDADE.
Conforme ao registrado no Inventário, a Praça Del Rey foi inaugurada no dia 1° de março de 1980, data da comemoração do 17° Aniversário de Emancipação Político-Administrativa do Município, há exatos 40 anos, no mandato do prefeito Geraldo Magalhães Barbosa e que foi construída sob o gerenciamento do Mestre de Obras Edvaldo Soares.

A praça ocupa 400m² do total da área adquirida pela Prefeitura Municipal, anos antes, de uma parte da fazenda de Leordino Souza Aguiar, para ampliação de ruas existentes e aberturas de outras tantas novas que originaram o Bairro Nossa Senhora Dajuda; e, mesmo localizada na área central consegue exercer muito da sua influencia naquele bairro.
Em 1990, foi criado oficialmente o Carnaval de Rua e a Praça foi escolhida para sediar a festa. Afora, em 2007 que não teve o evento e em 2016, que foi realizado na nova Praça de Eventos da Pampulhinha, os demais aconteceram no espaço da Del Rey. A Festa de Carnaval é um bem cultural imaterial inventariado do Município e aprovado pelo IEPHA e está indicado para registro.
Ademais, a Praça Del Rey foi o destino dos desfiles de 7 de setembro até o ano de 2008 e, também, recebeu comícios de várias denominações políticas, bem como, foi o palco principal do 5° FESTEJE – Festival de Teatro do Vale do Jequitinhonha (2008) e do 35° FESTIVALE – Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha (2018).

“O ato de proteção, que está implícito na figura do tombamento, vai muito além do que sugere a materialidade da questão, ele incide também sobre a autoestima das pessoas diretamente envolvidas, bem como da comunidade envoltória, ele não atribui apenas o poder de coerção, de vigilância, de fiscalização, mas também confere valor. E como valoriza, ele eleva e estabelece uma aura de respeito sobre o bem que se pretende preservar”. (Luiz Phelipe Andrés)


REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS

- BAIRRO Seguro – Curiosidades do Surgimento de Praças e suas Funções na História – 2018
- MACEDO, Silvio Soares; ROBBA, Fábio – Praças Brasileiras – São Paulo – Edusp – 2002
SOARES, Verônica – Pesquisa contempla história das praças de Minas Gerais – Blog Minas faz Ciência – 2019
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre – Praça – Categoria: Praças
- PAULINO, Tailane – O que é uma mandala? – Site Estudo Prático – 2018
- VECCHI, Stela - O Baguá para o Hemisfério Sul é também uma mandala – Blog Feng Shui – 2012
- ARQUIVOS Prefeitura Municipal de Felisburgo/Setor Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural
- CÓDIGO de Posturas do Município de Felisburgo

- LEI ORGÂNICA do Município de Felisburgo
Desfile Cívico de 2008 - último desfile que foi apresentado na Praça Del Rey

A Realeza do Carnaval 2014 na Praça Del Rey

Montagem da Praça Del Rey para o Carnaval 2020

Decoração da Praça Del Rey - Carnaval 2017



Carnaval na Del Rey

Banda Mole no Carnaval da Praça Del Rey

Banda Mole no Carnaval da Del Rey



Premiações dos Blocos no Carnaval da Del Rey - 2017

Desfile Cívico de 2008 - ultimo que se apresentou na Praça Del Rey

Banda Mole no Carnaval da Del Rey







Grupo de Joaima se apresentando no Carnaval da Del Rey - 2014



Banda Filarmônica de Jequitinhonha puxando a Banda |Mole no Carnaval da Del Rey


Rodrigo animando a Banda Mole no Carnaval da Del Rey





Matinê do Social no Carnaval da Del Rey












Montagem da Praça para o Carnaval 2014



Show Carnaval 2017 na Del Rey 




último desfile cívico que se apresentou na Del Rey - 2008

último desfile cívico que se apresentou na Del Rey - 2008
Pereira da Viola se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018




Tau Brasil se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018
Rubinho do Vale se apresentando no 35 FESTIVALE no Palco da Del Rey - Felisburgo 2018
Quadrilha Severino Quebra Galho se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018




Quadrilha Severino Quebra Galho se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018

Quadrilha Bela Vista se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018

Quadrilha da Prata se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018

Montagem da Praça Del Rey para o Carnaval 2013

Desfile Cívico na década de 1980 se dirigindo para as apresentações na Praça Del Rey


Quadrilha da Prata se apresentando no FESTIVALE DE FELISBURGO -  Praça Del Rey 2018
DOCUMENTOS ANEXOS
Fotografias
X
Áudios

Ata(s)
X
Vídeos

FICHA TÉCNICA
Fotografias
João Pedro, Joeslane Gil da Silva e Arquivo do Setor Municipal de Patrimônio Cultural
Vídeos

Áudios

Transcrição
Gladiston Batista de Araújo
Levantamento
Paula Andréia Costa Santos e Joeslane Gil da Silva
Elaboração
Gladiston Batista de Araújo
Revisão
Azenilda Camargo Costa e Paula Andréia Costa Santos

Local e Data
JULHO 2020