sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Atividade vinculada à extensão: Visita Técnica à cidade histórica de Sabará-MG.



Relatório sobre a atividade desenvolvida:

 

Durante a visita técnica à cidade histórica de Sabará, Minas Gerais, realizada no contexto acadêmico, percorri ruas e praças que preservam marcantes traços da arquitetura colonial brasileira, a cerca de 780 quilômetros de Felisburgo. A experiência proporcionou contato direto com o patrimônio artístico, religioso e cultural da cidade, permitindo compreender a complexidade do espaço urbano como testemunho histórico. Caminhar por essas ruas foi como atravessar séculos, onde cada pedra, cada fachada, parecia sussurrar histórias de devoção, trabalho e vida cotidiana. Durante a visita, participei de roteiros guiados que incluíram o Centro Histórico, museus, igrejas seculares e o patrimônio material distribuído pelas construções que guardam séculos de memória, como o Casarão do Barão, a Igreja de Nossa Senhora do Ó, a Igreja do Rosário Inacabada e a Igreja do Carmo, esta última acompanhada de seu cemitério histórico, situado à frente do templo, reservado exclusivamente aos membros da Irmandade do Carmo, evidenciando a dimensão social e religiosa da confraria na vida da comunidade.

O destaque da visita recai sobre as igrejas e suas ornamentações, onde o barroco mineiro se manifesta de maneira exuberante. As obras sacras, talhadas em madeira e pintadas com pigmentos originais, revelam a perícia de artesãos locais e a estética própria do período colonial, mostrando como a religiosidade e a arte se entrelaçam para criar espaços sagrados que dialogam com a devoção popular. A Igreja do Rosário Inacabada, com suas paredes não concluídas, sem teto e arcos sem adornos, oferece uma narrativa silenciosa: um registro poético das dificuldades econômicas e sociais que interromperam sua construção, transformando o vazio em símbolo de história. Já a Igreja do Carmo, com sua fachada imponente e o cemitério restrito aos membros da irmandade em frente, revela a dimensão simbólica do sagrado e da memória coletiva, evidenciando como a religiosidade comunitária moldou o uso e a preservação do espaço.

Além do patrimônio material, a visita possibilitou vivenciar um pouco da dimensão imaterial da cultura local. Sabará mantém tradições e festividades que remontam aos períodos de fundação, incluindo manifestações religiosas, folclóricas e musicais. Essas experiências permitem compreender que a memória coletiva não se restringe às construções, mas se expressa nas práticas sociais e culturais que atravessam gerações.

A visita técnica a Sabará possibilitou perceber a integração entre arquitetura, arte sacra, museus e vivências comunitárias, mostrando como o patrimônio material e imaterial se complementa para formar uma narrativa histórica abrangente. Diante do exposto, reforçou a importância da cidade como espaço de aprendizagem, permitindo articular conhecimento teórico e vivência prática, compreendendo a atuação de artesãos, arquitetos e moradores na preservação da memória coletiva, assim como o valor do patrimônio cultural mineiro para a formação acadêmica em História. Caminhar pelos espaços históricos e sentir o peso do tempo nas paredes tornaram a experiência singular, transformando dados e observações em vivência poética e reflexiva.

 

 

Críticas/Sugestões

 

Embora a visita técnica tenha proporcionado uma compreensão significativa do patrimônio histórico e cultural de Sabará, observei a possibilidade de aprofundar o estudo com análises mais detalhadas das técnicas artísticas empregadas nas esculturas e pinturas, bem como comparações entre diferentes igrejas e casarões coloniais, que poderiam revelar nuances estilísticas e sociais. Sugiro também registrar manifestações culturais imateriais, como cantos, rituais e festividades locais, além de entrevistas com moradores ou especialistas, garantindo uma documentação mais completa e crítica do patrimônio histórico. A Igreja do Rosário Inacabada, em particular, merece atenção aos motivos do abandono, enquanto a Igreja do Carmo, juntamente com seu cemitério restrito à irmandade, oferece reflexão sobre a memória da comunidade, sobre a vida e a morte e sobre o papel do espaço sagrado na manutenção da identidade histórica da cidade.

Diversas dificuldades logísticas e contextuais foram observadas durante a visita: muitos espaços históricos encontram-se fechados ou com acesso restrito, e a ausência de sinalização adequada dificulta a localização e visitação. Observa-se ainda uma certa distância da população local em relação ao patrimônio histórico: embora as obras barrocas estejam presentes, a atenção dos moradores parece concentrada nas atividades cotidianas e na vida moderna, reduzindo a vivência e preservação afetiva do patrimônio. Além disso, a proximidade com Belo Horizonte, a presença de empresas mineradoras e a expansão urbana contemporânea contrastam com o caráter bucólico do centro histórico; morros ao redor e ocupações precárias, com casas “dependuradas”, evidenciam a tensão entre o barroco preservado e a realidade moderna, levando os moradores a viverem em duas realidades distintas dentro da mesma cidade. Aconselho, portanto, a implementação de medidas de orientação, preservação e conscientização comunitária, bem como estudos e projetos que valorizem a integração entre patrimônio histórico e cidade viva, promovendo maior engajamento de moradores e visitantes.















ATIVIDADES ACADÊMICAS COMPLEMENTARES

Gládiston Batista de Araújo

Curso de Graduação  História  UNIFAVENI (2025)

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